Barco não tem democracia, tem ditadura, quem manda no barco é o comandante e ponto final.
Quando recebo visitas que não conhecem a rotina de um barco dou uma aulinha sobre como se comportar no barco, a parte mais chata é quando digo que se eu mandar sentar, tem que sentar, se eu mandar levantar tem que levantar, se eu mandar mudar de lado tem que mudar, e tem que fazer rápido, explico ainda que não faço por mal, mas que a agilidade em obedecer as minha ordens pode evitar acidentes como uma retrancada na cabeça por exemplo.
Claro que não me torno um monstro mandão e mal-humorado, pelo contrário fico muito feliz em receber visitas no Vivre, nem fico falando faça isso, faça aquilo, saia daí, nada disso, mas se precisar as visitas estão avisados que devem ser rápidos e não contestar.
Certa vez (propositalmente deixei passar um bom tempo para postar isso) fomos eu e um amigo velejar um pouco pela enseada do Flamengo, divido o governo do barco, mas nunca o comando, e o amigo em questão sempre aproava o barco para as pedras, mais próximo do que eu me sinto confortável, na primeira vez avisei: cara muda o rumo, se afasta bem das pedras, fui atendido imediatamente, mais um tempinho e lá estava o Vivre rumando para perto demais das pedras novamente, então já argumentei: cara, se afasta das pedras, se acontece algum imprevisto temos tempo para resolver a situação, novamente fui atendido, na terceira vez nem falei nada, meti a mão na cana de leme e coloquei o barco em um rumo que se distanciava da costa, logo depois soltei a cana de leme e repeti: cara se acontece algum imprevisto temos tempo para resolver a situação, pronto não tive mais problemas com isso.
Fui chato? Fui.
Fui grosso pra caramba? Fui.
Fui correto? Acho que fui.
O climinha que pintou logo passou assim que devolvi o governo do barco para a pessoa e entrei na cabine para fazer alguma coisa, fiquei lá uns 10 minutos e quando voltei já não se falava mais naquilo, o barco não mais quis se aproximar da costa e o episódio logo foi esquecido (mas ficou registrado).
O Amigo em questão é muito querido, com certeza vai se identificar ao ler esse post, mas tenho certeza de que não vai ficar bravo, afinal ele também tem barco, uma lancha, e lá o comandante é ele, conhece bem o equipamento e suas limitações, de Vivre entendo eu.
As vezes chatice é necessário!
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