quarta-feira, 5 de agosto de 2015

PASSANDO DE FASE. (PARTE 3)

As partes anteriores deste post estão nos links abaixo:
1ª Parte
2ª Parte

Depois de uma velejada deliciosa ate a Ponta das Tonihas o vento acabou, zerou mesmo, então liguei o motor e continuei na minha rota, atravessei quase toda a praia grande, e quando cheguei próximo a Ponta da Seritinga o motor caiu no ponto morto, sabe quando a gente acelera o carro e pisa na embreagem? Foi assim! Achei estranho o motor ter desengatado, dei uma olhada no braço do mercury 8 hp e descobri que estava engatado, olhei no hélice e ele estava virando, mas o barco perdeu o seguimento, nessa hora lembrei das palavras do Ricardo Stark "nunca veleje perto demais da costa" e por levá-las em consideração ao traçar minhas rotas, eu tinha tempo para fazer o que fosse necessário, na pior das hipóteses pedir uma feição (reboque) pelo rádio, aquela rota é movimentada e estava cheio de lanchas, veleiros e barcos de pesca, se necessitasse alguém me ajudaria, deixei o Vivre ao sabor das ondas, que estavam baixas e tirei a capa do motor, analisei daqui, analisei dali e enquanto analisava me aparece um cara de caique, o Ricardo que não era o Stark, perguntou se podia se aproximar, não achei que ele ofereceria risco e permiti que se aproximasse, enquanto mexia no motor fomos conversamos:
Este é o Ricardo, um aventureiro!
- Você esta vindo da onde? Esta bem longe da costa amigo. Disse eu para o inusitado remador.
- Estou vindo de Paraty com destino a Santos.
Parei o que estava fazendo para olhar melhor o rosto do Ricardo e ver se ele tinha mais cara de louco do que eu.
- Onde posso parar para pedir um prato de comida e pouso? Me perguntou.
- Olha, tem a Praia Grande aqui e as Toninhas lá, a praia grande é uma praia de muitas ondas, as Toninhas nessa ponta da direita é mais calminha, você deve  encontrar algo lá.
Quando eu era pequeno, minha mãe falava: "se quiser algo seja claro, não tenha vergonha e peça diretamente, sem rodeios, o máximo que vai acontecer é você ganhar um não", digo isso pois depois que o Ricardo foi embora pensei que ele poderia estar faminto, mas como ele não foi direto nem me toquei de lhe oferecer algo para comer. Vou pedir a permissão de vocês para mandar uma mensagem para o Ricardo Remador:

( RICARDO, SE VOCÊ ESTIVER LENDO ISSO, SAIBA QUE EU TINHA, BOLACHAS, BISCOITOS, UMA CAIXA DE BIS PELA METADE, CHÁ MATE SABOR LIMÃO, ÁGUA E  ATÉ MIOJO, ME DESCULPE, NÃO LHE OFERECI POIS ESTAVA COM UM MOTOR QUEBRADO E NÃO ME PASSOU PELA CABEÇA, MAS ERA SÓ VOCÊ PEDIR QUE EU ME TOCARIA, NA PRÓXIMA EU NÃO COMETEREI ESTA FALTA DE EDUCAÇÃO DE NOVO. )

Você pode acompanhar a aventura do Ricardo nesta página:
http://share.findmespot.com/shared/faces/viewspots.jsp?glId=0XS4kQKMnl3djPA7Aj1xsbNsv7NPgkyPS

Este pontinho VERMELHO é a lua.
Como eu queria que meu celular
conseguisse captar a visão que tive dela!
E assim o Ricardo foi embora com fome, e eu decidi trocar o motor. Sempre navego com dois motores, o motorzão, um Mercury de 8hp e o motorzinho, um Tohatsu de 3.5hp então foi só fazer a troca e seguir para o Itaguá, o problema é que já estava tarde, lá pelas 16:30h e o motorzinho ficou muito inclinado em relação ao espelho de popa, ele tinha uma peça que regulava esta inclinação, mas o Gabriel certa vez derrubou o bichinho e quebrou a peça, e como deixar as coisas para depois é um pecado mortal, lá estava eu pagando pelo meu pecado, fui bem devagar, coisa entre 1 e 1,5 nós, outro problema é que o tal motorzinho tem tanque próprio e tive que tirar a conexão da ponta da mangueira do tanque que alimentava o Mercury para poder bombear a gasolina para dentro do tanque do motorzinho, e esse bombeamento era feito de hora em hora, fora isso tudo bem. Minha navegação noturna tinha se antecipado, as 19:00h tinha contornado a  Ponta Grossa e estava aproado para o meu destino, foi ai que percebi a lua que tinha nascido bem atrás do Vivre, nunca ví lua maior, e estava vermelha como sangue, se meu celular conseguisse tirar fotos da lua vocês teriam uma noção do que vivi naquele momento, no outro dia, fiquei sabendo que a tal lua estava sendo chamada de Lua Azul, mas a que eu vi era bem, mas bem vermelha mesmo.

Navegar de noite foi uma experiência ímpar, apesar de toda essa confusão que lhes contei eu estava em paz e nunca me senti tão conectado com o mar. Como o mar é bonito de noite, e Ubatuba iluminada vista do mar então? É de cair o queixo, e a lua? Não me canso de falar nela, aquela lua imensa e vermelha vai ficar pra sempre na minha memória.

Lá pelas 21:00h joguei ferro próximo ao píer da marina Tamoios, sempre que estou no Itaguá fico por alí, achei que conhecia bem o ancoradouro mas vi que não o conhecia tanto assim, no próximo post conto sobre a 2ª encalhada da minha vida!

Seguem mais alguma fotos da minha "expediçãozinha"




A minha Lua vermelha ficou azul depois que joguei o ferro
no píer do Itaguá

Continua...

Próximo post:
4ª Parte
5ª Parte

Um comentário :

  1. Walnei:
    " Corrija um sábio e o fará mais sábio. Corrija um tolo e o fará seu inimigo!!"

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