sexta-feira, 19 de agosto de 2016

ATITUDE EM PARATY (PARTE FINAL)


As outras partes deste post:
Parte 1
Parte 2



Depois de uma gostosa navegada noturna dormi bem, de manhã enquanto preparávamos o barco para irmos embora eu sentia que o final de semana estava incompleto, faltava uma velejada, de forma sorrateira abri app do windguru e ele falava de um vento entre 10 e 14 nós, mostrei para o Herbert a previsão e ele se animou, para minha satisfação a ideia de sair cedo tinha ido por água abaixo e começamos o preparativos para nos fazer ao mar e velejar.


Minha área de conforto é até os 10 nós, nunca me arrisquei em ventos mais fortes, mas a sede de velejar foi maior do que minha barreira psicológica e saímos com um vento de 5 nós e todo o pano em cima, o Atitude estava vestido com uma bela mestra e uma buja no enrolador, mas ele tem as outras roupas de gala estivadas lá na cabine, deixamos a ilha da bexiga por bombordo e nos posicionamos em uma área bem aberta la na enseada de Paraty velejamos adernados até os 11 nós por uns 10 minutos, foi ai que o windguru errou, o vento começou a subir e bateu os 17 nós isso pra mim é vento pra dar com pau, rizamos a grande e o vento aumentando o Herbert na cana de leme e eu fazendo os trabalhos de vela, quando chegamos aos 14 nós o mastro tremeu, nunca tinha visto aquilo, ai a calma foi pra casa do chapéu, meus comandos passaram de da Arriba para "VIRA PRO OUTRO LADO",  de caça a escota para "PUXA A CORDA", por sorte os cabos do Atitude estão todos bem a mão, é um barco preparado para velejada em solitário, todas as adriças e escotas chegam no cockpit, o Vivre ainda não é assim, e terminar de baixar a grande foi tenso, mas não foi sofrido, depois que a vela estava arriada entrei por baixo da retranca e fui prendendo a vela nela com elásticos, isso num ventão de 16 nós, saí de baixo da retranca com ar de vencedor e certo de que o mastro tinha parado de tremer, que nada, continuava tremendo só com a buja, achei que o mastro viria abaixo, não tive outra alternativa a não ser enrolar a buja, que facilidade, se fosse no Vivre seria muito mais difícil de fazer isso, o Herbert realmente comprou um barco bem arrumado, fácil de velejar, mas arisco como um cavalo bravo, alguém disse que o Spring é um barco dócil e lento, não o Atitude, é rápido, orça praticamente sozinho e como orça.

Com as velas escondidas e o motor ligado procuramos um cantinho na Ilha da Bexiga que estivesse ventando menos, achamos uma sombrinha de 3 metros de profundidade onde o vento não passava dos 4 nós, lançamos o ferro, a conversa foi mais ou menos assim:
- Herbert, viu aquele mastro tremendo?
- Walnei acho que minha perna tremeu mais.
- Cara, tem algo errado com seu estaiamento, talvez regulagem - disse eu.
- É verdade Walnei, agora toma essa cerveja pra relaxar.
- Deixa ela ai no gelo, quando chegar lá na marina eu vou mandar ela pra dentro!

Boiamos mais um tempo e tocamos pra marina do Farol, quando estávamos próximo passei o rádio pra pedir apoio, e o vento cantava nos estais do barco, atracar foi uma aventura a parte, toda realizada pelo Herbert, ajeitava o barco mas o vento não nos deixava entrar na vaga, o apoio que estava em terra com as amarras na mão esperando o barco entrar na vaga pulou no bote e deu um empurrãozinho na nossa proa e o Atitude encaixou na vaga direitinho. Arrumamos tudo e eu peguei aquela cerveja e fui tomar na prainha do Atitude, que aliás é outro ponto forte do barco, um espaço enorme lá traz, que barco fabuloso pensei, pena que esse backstai atrapalha um pouco a saída para a prainha... BACKSTAI....puta merda achei o defeito do barco, estava no marinheiro, o backstai não faz parte do meu dia-a-dia no Vivre e eu me esqueci dele, eu devia caçar o bicho, mas esqueci, que vacilo, da próxima não vai ter erro, pelo menos não esse.

As lições do dia pra mim foram:
1-) O mastro tremendo da medo.
2-) Paraty é melhor do que eu imaginava (desculpa ai Ubatuba).
3-) Spring 25 é um barco fantástico.
4-) O backstai tem uma função importante.

As lições que eu ensinei ao Herbert:
1-) Velejar não é só aquilo que ele tinha visto até hoje.
2-) Veleiro aderna mais do que ele gostaria.
3-) Veleiro não capota.
4-) Todo velejador deve ter pelo menos um par de cuecas marrom a bordo.
5-) E que aduchar os cabos não é dar uma ducha neles!

É isso gente foi fantástico espero que o Herbert me convide para velejar o Atitude novamente, gostaria de pegar outro ventão com ele.


Cabos devidamente aduchados


Um comentário :

  1. Já passei por uma dessas de mastro tremendo também, o coração acelera e não para até conseguir atracar em segurança. Mas boas velejadas são assim, tem que ter um pouco de emoção!

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