terça-feira, 28 de abril de 2015

MINHA PRIMEIRA FRENTE FRIA!

Não que tenha sido a primeira frente fria que eu peguei no mar, mas foi a primeira que eu não fiquei acuado na poita! 


Fazia um tempão que eu não via o Eduardo pessoalmente, só nos falávamos por whatsapp ou comentários pelo Facebook, foi quando tive a ideia de convidá-lo para passar o final de semana no Vivre, ele topou, mas na terça-feira o windguru começou a apontar uma frente fria justamente no sábado, analisei aquela previsão por várias horas, dei um pulo no site do cptec inpe para confirmar a previsão, batia mais ou menos, fui lá no site meteomarinha e avisos de mau tempo também da marinha e a cada dia que passava a previsão ia se confirmando, ventos SW de 11kt com rajadas de 15kt, ondas de 1,5/1,6mt com período de 13 a 15 segundos. O maior problema dos ventos que vem de SW, na minha opinião, é que eles são fortes e inconstantes, as rajadas podem ser violentas e sair de 10kt para 30kt em segundos. A minha análise desta previsão foi a seguinte:
1º - O vento vai entrar forte, mas eu consigo levar o barco com segurança dentro da enseada.
2º - As ondas estão pequenas mas as vagas estão grandes, esse será meu maior problema.
3º - A tripulação nunca velejou e o mar vai estar bem chato, e pode ser que a experiência não seja tão agradável quanto eu gostaria que fosse.

Para confirmar minha análise pedi a opinião do Juca Andrade, proprietário do Veleiro Malagô e  da escola de vela  oceânica Cusco Baldoso e ele confirmou minha análise, mesmo assim mudei a rota que tinha feito para o final de semana e decidi ficar apenas na enseada do flamengo chegando no máximo próximo ao boqueirão, afinal, coragem e confiança demasiada costumam causar problemas, mas confesso que fiquei orgulhoso quando o Juca confirmou minha análise das condições climáticas.

Foi difícil de controlar a ansiedade, afinal eu tinha decido sair da poita no dia que entraria uma "pequena" (se é que pode se chamar assim) frente fria , com ventos bem acima da minha zona de conforto e com uma tripulação que pouco ou nada poderia fazer no caso de algum problema.

Olha a cara feia do tempo!
Assim que chegamos na Ribeira no sábado, resolvemos algumas coisas em terra e logo estávamos todos embarcados, a previsão dizia que o pior da frente seria entre 09h e 14h, esperei pacientemente de olho no vento, no relógio e nas ondas, ao vivo a mais fácil analisar a situação, já estava decidido que iria soltar as amarras e velejar, mas, se o mar e o vento estivessem muito grossos é claro que eu abortaria a velejada.

A tripulação era composta por Eduardo, meu primo, a Nádia, namorada dele, a Esther e a Júlia, filhas do Eduardo, já estou preparando outro post só pra falar do passeio e da maravilhosa companhia que essa turma me fez, mas hoje quero falar da velejada!

Todo mundo de colete! O tempo todo!
Soltamos a amarras, as meninas pareciam bem a vontade e o Eduardo estava tranquilo, toda vez que recebo visitas no Vivre faço um discursinho que já tenho decorado, falo sobre a retranca, sobre coletes, sobre como o barco aderna, sobre acatar as ordens do comandante, já escrevi um post sobre isso,  essa aulinha prepara a turma para uma possível adernada mais violenta e traz segurança para todos, motoramos até sair área das poitas e rapidinho abrimos as velas, não fiz cerimônia, subi logo todo o pano, afinal eu queria velejar de verdade, por segurança as meninas permaneceram de colete o tempo todo, de repente o barco estava navegando, com um vento de alheta, o Vivre ganhava velocidade mas não adernava muito e eu pensei: É nesse vento que eu vou; Brincamos muito de velejar, conversando com o pessoal falei sobre como o barco inclinava em certas situações e não é que eles quiseram experimentar, ai preparei todo mundo e orçamos num vento de 10kt mais ou menos, o Vivre fez bonito e a tripulação também!

Quem se elogia não merece confiança, mas eu fiquei orgulhoso de novo, controlei as velas com calma, adernava o barco de forma controlada, entrava e saia do vento sem sustos ou trancos, sabia exatamente da onde o vento estava vindo, quase dava pra ver o vento, as pessoas que estavam no Vivre sentiram confiança no comandante, foi incrível, foi uma velejada deliciosa, velejei com um olhar diferente para as velas, conseguia receber as rajadas sem deixar o barco adernar muito, velejei em todas as mareações com o barco cheio e ninguém se assustou, foi ótimo, acho que estou aprendendo!

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...