quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

PARA-RAIO NO BARCO, TER OU NÃO TER?

Ultimamente, tenho estado as voltas com algumas situações que me fizeram estudar um pouco mais sobre para-raios em barcos, uma delas foi quando instalei a parte elétrica de um Multichine 28 (que parece 30) e então o proprietário do barco me indagou sobre colocar ou não para-raio, como eu não tinha uma opinião formada sobre o assunto pedi que me desse um tempo para que eu pudesse responder, e corri estudar sobre raios  e para-raios.. Bem durante o tempo que eu escrevia este post, o Brutus, um barco bem conhecido dos navegantes da internet, aquele do #Sal, foi vítima de uma acidente com raio, teve um grande prejuízo financeiro com certeza, mas não passou disso, ainda bem!

O que acontece quando um raio cai no mastro de um veleiro?

Não tem choro nem vela, mesmo com um bom sistema de aterramento o mínimo que vai acontecer em uma situação dessas é queimar todo e qualquer equipamento eletrônico que estiver ligado na rede elétrica do barco, sim, mesmo com aterramento. Então pra que serve o aterramento? Simples, serve para proteger a rede elétrica do barco, veja bem, a energia elétrica não desaparece simplesmente dos cabos e fios, para que ela se dissipe é necessário que ela seja consumida, lembra daquela máxima: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.", pois é, isso é verdade, se por acaso seu barco não estiver aterrado a energia que veio do raio vai se transformar em calor nos cabos elétrico e isso pode facilmente dar início a um incêndio a bordo, outra função do aterramento é dissipar carga excessiva ou remanescente mantendo os equipamentos "isolados" entre si no que diz respeito a cargas indesejáveis, um gerador eólico por exemplo, gera muita energia "estática" e por isso, se o sistema em que ele estiver ligado não tiver um aterramento bem feito e dimensionado, a energia "estática" gerada pode causar sérios danos ao próprio gerador e/ou a outros equipamentos ligados ao mesmo sistema, mas hoje não vamos falar de aterramento, vamos falar de para-raios, sim são duas coisas distintas, se completam, mas são distintas.

Mas se eu colocar um sistema de para-raios no meu veleiro eu não terei mais chances de ser atingido por um raio, já que o para-raio vai "chamar" o raio?

Se você pensa assim, não se preocupe, você faz parte da maioria das pessoas, mas esta teoria de que o para-raios atrai os raios é falsa, isso mesmo, para-raios não servem para atrair as descargas elétricas do céu, senão, qual louco iria querer um equipamento desse bem em cima da sua casa, prédio ou barco? Para entendermos isso é necessário saber como os raios acontecem, vamos lá.

Quando nuvens muito carregadas de se juntam e ficam aglomeradas elas criam uma área de carga negativa sobre a terra (no nosso caso sobre a água), o ar entre esta área de carga negativa e a base de nuvem (carga positiva) vai ficando mais denso, cheio de "nêutrons" até que a descarga ocorre, na ilustração abaixo eu tentei ilustrar minha ideia

E você pensando que um raio acontecia quando uma nuvem positiva
 encostava em uma nuvem negativa né? Não não é assim!

 É ai que entra o para-raio, na verdade, a função do para-raio é descarregar a carga negativa acumulada no ar, evitando assim que o raio aconteça, ou seja, um para-raio que funciona é aquele em que nunca caiu um raio.


Mas como nem tudo são flores, um para-raio bem desenvolvido, instalado e dimensionado, não evita 100% a possibilidade de você receber um raio bem no top do seu mastro, o para-raio apenas diminui muito, mas muito mesmo a possibilidade disso acontecer, veja um trecho do texto que encontrei enquanto estava pesquisando sobre para-raios em veleiros:

 "Este assunto foi detalhadamente investigado pela NASA pelo FAA, pela Força Aérea e pelo NFPA (nos EE.UU.) Cientistas como Donald Zipse e Abdul Mousa concluem que "o impacto natural de uma raio, de cima para baixo, não pode ser prevenido". A fraseologia "impacto natural de cima para baixo" foi cuidadosamente escolhida e cobre o caso de um mastro de veleiro, onde os estragos seriam amenizados por um aterramento correto, como citado mais acima."

Trecho retirado do post: O RAIO E SEUS EFEITOS NO BARCO
escrito por Geraldo Kinippling
no site : http://www.popa.com.br
O excelente e explicativo texto pode ser visto na íntegra AQUI!

Agora você pode decidir se vai ou não colocar um para-raio no seu veleiro!

Senhores, como sempre deixo bem claro, eu não sou nenhum estudioso de física, ou de raios, meus textos simplesmente expõem meus estudos da maneira que eu entendi o assunto, se você achar algum erro neste texto, por favor comente, terei o maior prazer em consertar a informação!

Termino este post com uma frase do meu avô:
"- O  raio mais perigoso é aquele que você não vê!"


11 comentários :

  1. Muito interessante o assunto.
    Obrigada por compartilhar.

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  2. Muito bom, mas como dizia minha avó, "feliz aquele que ouve o trovão"

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  3. Acredito que o melhor entendimento sobre para-raios é dizer que o equipamento todo (o para raios não é só a porteira flechada na ponta do mastro)é responsável por conduzir a energia do raio de forma mais eficiente possível até a descarga "por fora" impedindo que a mesma se utilize da estrutura da embarcação como condutor.

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    1. Olá anônimo, quanto ao para raio ser mais (muito mais) que uma ponteira de metal você tem razão, mas a ideia do para raio não é conduzir a descarga de um raio, a função e não deixar o raio acontecer, é destruir as condições que permitem que o raio aconteça!

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  4. Pelo que eu entendi das minhas pesquisas sobre o tema é que o para raio serve para deixar fluir a energia sem que se crie um arco voltaico (raio), contudo a dimensão dessa passagem tem um limite e se as energias envolvidas superam a do poder do para raio dar vazão a ela, o arco voltaico se origina e se o para raio é bem dimensionado ele não sofrerá danos e minimizará muito os danos na rede elétrica do barco, mas, sobretudo protegendo sua tripulação Outra coisa que fiquei sabendo é que muitas vezes o raio se dá de cima para baixo, mas como é um fenômeno muitíssimo rápido que está associado a formações de nuvens, acabamos por entender que este vem de cima, mas o que determina sua direção é o diferencial de energia estática que tanto pode estar acima, nas nuvens, como abaixo, na terra ou água.

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    1. Perfeito, seu comentário complementou o post perfeitamente, obrigado.

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  5. Olá Walnei, quero lhe parabenizar pelo blog estou achando bem interessante e com questões relevantes como esta aqui do para
    -raios, confesso que até então não tinha sequer cogitado a existência de um sistema de proteção contra descarga atmosférica para barcos, apesar de ser da área de elétrica há uns vinte anos.
    Da mesma maneira que hoje aprendi com vocês, peço licença para usar seu canal para dividir um pouco da minha experiência no assunto.
    Vamos entender o conceito de eletricidade, a palavra deriva de "elétrons" e refere se a carga NEGATIVA que eles possuem.
    Não existe carga positiva, isso é um erro comum por causa de uma "convenção" adotada.explico.
    nas baterias onde se vê o sinal + (positivo) entenda se "maior carga" ou seja maior quantidade de elétrons com carga negativa. e no terminal - (negativo) menor quantidade de elétrons. como tudo na natureza tende ao equilibrio, se os terminais forem interligados haverá um fluxo de eletrons do maior para o menor chamado corrente elétrica.
    Bom dito isso as nuvens ficam Ionizadas ou seja com átomos com mais ou menos elétrons "anions e cátions".
    Mas lembrem se o que gera eletricidade são os elétrons em movimento pelos átomos, nunca os prótons ou os nêutrons.
    Li o artigo citado, e como esperava o para raios para a embarcação é uma medida de segurança no intuito de minimizar danos, como um seguro de um carro, ter o seguro não quer dizer que não ocorrera nenhum sinistro com o mesmo , más se ocorrer vai doer menos.
    Parte do texto
    "Dentro de tudo isso, entretanto, considera-se, hoje, como certo: um barco equipado com pára-raios e aterramento adequado tem mais chances de ser atingido por existir um caminho de baixa resistência para a água. Mas, quando atingido, certamente sofrerá danos muito menores que um barco não aterrado, no qual o impacto direto causaria estragos consideráveis."
    Afirmo que é absolutamente errôneo concluir que o para raios evita, ou miniminiza de qualquer forma que a embarcação seja atingida por uma descarga atmosférica, más sim se esta for feita de maneira adequada e abranger todos os requisitos, o infeliz proprietário terá seus danos bem reduzidos.
    Agradeço o espaço, e dejeto a todos bons ventos.

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  6. Caro ANDRE Perchon;

    Só um detalhe; pro favor me explique:
    Se
    Não existem cargas Positivas, conforme você afirma acima; como acontece o fenômeno da Eletrólise dentro de uma bateria?

    Decomposição da solução H2sO4 + H2O; separando As moléculas do oxigênio = O2 (-) se acumulam no polo Positivo e as de Hidrogênio H (+) no polo Negativo?
    Aí acima está caracteriza as ligações irônicas das moléculas negativas do oxigênio com Borne postiço da bateira e as moléculas positivas do Hidrogênio no borne Negativo da bateria.

    Estou na dúvida!
    Aguardo sua explicação!

    Paulo Fernandes.

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    1. Recomendo que leia o post novamente, em nenhum momento eu disse que não existem cargas positivas.

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    2. Também fiquei na dúvida.

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