domingo, 24 de abril de 2016

UM ÓTIMO DIA!

É eu sei que ando escrevendo pouco no blog, mas tudo dentro do previsto, quando criei o blog a ideia foi fazer um diário de bordo do Vivre, mas um diário de bordo que permitisse que eu compartilhasse  minhas histórias, então, se não tem navegação, não tem post, e eu realmente velejei pouco esse ano, mas isso vai mudar.

Na segunda o telefone toca, era o Herbert, um amigo, dono de lancha lá na represa de Paraibuna, ele queria minha opinião sobre um veleiro que estava anunciado, e bater um papo sobre veleiros porque estava interessado em uma embarcação para colocar na represa, foi uma grata surpresa já que eu não o via ha alguns anos, falamos sobre quilhas, calados, velocidade, ventos e modelos de veleiros, durante nossa conversa o Herbert acabou marcando uma aula para conhecer melhor um veleiros, sentir se iria se adaptar, ou melhor sentir se iria se apaixonar pela vela.

Aula marcada o negócio é planejar, comecei com a previsão do tempo e uma manutenção no Vivre, mandei arrumar o garlindéu do barco que tinha se partido (veja aqui), na verdade não foi nada grave, só uma peça que fazia a "fixação" da retranca no garlindéu é que se quebrou, porém, desde então o Vivre não saiu da poita.

Decidi telefonar para Wagner, que é um aluno, mas que no dia de sua aula passou mal e não "absorveu" muito as instruções, depois disso já foi passear no Vivre, mas a aula mesmo nunca tinha sido reposta, bem, agora foi! Na verdade o Wagner é um bom companheiro de barco e repor a aula foi só uma desculpa para eu não ir sozinho para o Vivre e ainda arrumar alguém pra rachar a gasolina! O Wagner não gosta muito de fotos por isso ele não aparece no blog, mas eu juro, ele não é meu amigo imaginário! (Eu acho)..

Sabadão as 7:30 estávamos no Saco da Ribeira, e o Herbert e o Fernando chegaram pontualmente as 08:00, tínhamos combinado de ver um barco que o Herbert se interessou um MJ 25, ele pediu que eu desse um "parecer" sobre o barco e assim foi!


Depois de um problema com o bote e outro com o motor, embarcamos as 11:00 (ainda dentro do horário previsto) no Vivre, dessa vez não teve jeito, tive que contratar os serviços da Aumar, eu não gosto do serviço prestado pela Aumar, acho caro e sem qualidade, talvez não seja caro,  mas isso não é assunto pra agora.

Chegamos e comecei as explicações, monta e desmonta o barco, sobe e desce vela, o Herbert já tem arrais então não foi preciso explicar muito sobre as regras de navegação, foi legal pois focamos 100% em velejar, já que o homem já sabia navegar! O Fernando também já sabe navegar e conhece as normas, mas ele não queria aula, queria passar um dia no veleiro que também não conhecia, depois vocês verão que ele foi um tripulante valoroso e teve seu nome escrito no hall da fama do Vivre, e o Wagner finalmente estava repondo aquela aula.

Sair da poita somente com a vela é realmente algo gostoso de se fazer, da uma sensação de poder muito grande, controlar vela e leme em espaços curtos é algo que da um dinamismo diferente a vela, e é bonito de ver  o barco dando os bordos curtinhos, pois bem, saímos assim da poita!

Logo estávamos velejando um ventinho de 4/5 nós, o Herbert queria ver o barco adernado no "úrtimo", já não é o primeiro aluno que chega no Vivre achando que barco velejando muito tem que estar com 60º de inclinação, não sei de onde esta vindo esse conceito, regateiros talvez? 

Encontramos o Shogun, do Fábio, o vivrinho (tahiti 16 pés) foi construído a pedido do pai dele, ele até me enviou umas fotos (veja aqui), foi meio que por telepatia que nos colocamos a contrabordo um do outro, os barcos se cruzaram e continuaram seu caminho,  cada um mudou a sua rota só para gritar :E AI COMO VAI? TUDO CERTO, ATÉ MAIS, no mar é assim, sem máscaras, ninguém se ofende se não der para para e dar a atenção merecida, outra hora nos encontraremos em terra com mais tempo e quem sabe tomaremos uma cerveja juntos e jogaremos conversa fora!

Olha isso gente!!!
O Vento durou o dia inteiro e quando iríamos fazer uma pausa e jogar o ferro na praia do Flamengo o Herbert perguntou se não poderíamos sair da área abrigada, então aproamos para a Praia do Sul, de qualquer forma ir até lá já estava previsto, e foi ai que o Fernando tirou um objeto de suas coisas que me chamou a atenção, enquanto ele preparava aquela estranha ferramenta eu  me perguntava, será que vai funcionar? Será que esta é a solução que eu tanto procurava? Rapidinho a tal ferramenta estava pronta e funcionado a todo o vapor, ou melhor a álcool gel, que fantástica aquela churrasqueira (na verdade uma chapa) que não usa carvão, pequena, fácil de montar e de apagar, segura, nada mais é do que uma chapa em cima de uma espiriteira, AMEI, e quando o primeiro bife caiu sobre a chapa e fez aquele barulho CHIIIIIIIIIIIII, ahhhhhh estava inaugurada a era do churrasco no Vivre, graças ao Fernando e sua máquina maravilhosa. Ainda tenho que dar um jeito de não deixar que a criançada sem querer encoste a mão ou a perna na churrasqueira, assim que resolver isso eu compro uma, pensei numa caixa de madeira para proteger as laterais... Veremos o que faremos!!!!! Fernando Seu nome será lembrado para sempre por todos aqueles que frequentarem o convés do Vivre de hoje em diante!
Fernando, nosso tripulante do mês!
Enquanto o Vivre singrava a enseada do Flamengo em direção a Praia do Sul, saboreávamos um delicioso churrasco e uma cervejinha, porque ninguém é de ferro né? Foi uma refeição em movimento! Depois que apagamos e esfriamos a churrasqueira o pessoal inventou uma brincadeira que a principio me deixou apreensivo, mas fiz uso da minha flexibilidade e permiti que amarrassem um cabo no Vivre e fossem rebocados pelo barco, já vi fazerem isso em algumas ocasiões em outros veleiros, além do que, estávamos prontos para resgatar alguém que não conseguisse ficar segurando o cabo, mas ninguém escapou, vai virar mania entre meus meninos maiores, pode ter certeza!
Até eu caí na água!




 Ficamos o resto do dia velejando, velejando mesmo, com bordos, jaibes, regulagens, mareações, tudo foi explorado, que dia delicioso, a tripulação se divertiu muito, uma das velejadas mais gostosas de todas, inesquecível, pelo menos pra mim, estava tão gostoso que não paramos em nehuma praia, só velejamos o dia todo. O Vivre tem tido a sorte de ser tripulado por pessoas divertidas e interessantes.

O Wagner já pode velejar sozinho, aliás deve fazer isso, eu já não tenho mais nada pra ensinar pra ele, agora só falta experiência e confiança, já passei por essa fase de não saber que já sabia velejar, tal qual uma semente, passei por um período de dormência, que foi quebrado quando pela primeira vez fiquei sem motor (veja aqui).

Asinha de pombo!
Na volta, com a Praia do flamengo no través de bombordo e um vento fraquinho  entrando pelo través de boreste lembramos que o motor estava lá e resolvemos dar partida para adiantar um pouquinho a nossa chegada, mas durou pouco, logo que dobramos a "esquina" e aproamos para nossa poita o vento passou a entrar pela popa e então resolvi mostrar aos alunos uma asa de pombo, o vento estava fraco e eu não tenho o pau de spi, controlar o "enfunamento" da genoa com vento de popa e algo estranho, exige uma conexão do timoneiro com o barco e com o  vento em um tipo triangulo amoroso, um tem que perceber o outro de maneira íntima, se bobear a genoa dobra e se recusa a ficar armada e a mestra pode dar aquele temido jaibe chines!

Assim como saímos, chegamos, a vela, bem quase isso, quando chegamos na poita o Wagner foi para o leme e eu fui pegar a poita, vacilei e perdi a poita, ai a preguiça falou mais alto, liguei o motor e o Herbert foi pra proa com o croque para caçar a poita e logo o Vivre já estava amarrado de novo!





Foi extremamente divertido, e como diz um certo guru: "Se foi divertido estava certo", estão estava certo e muito bem feito!