2010 e 2011
2010 foi uma ano de muito trabalho e apesar de trabalhar com afinco eu não conseguia parar de pensar em comprar um veleiro, meu tempo livre era preenchido com vídeos sobre veleiros no youtube e blogs sobre veleiros, lia tudo, assistia tudo as páginas que eu mais visitava eram:
O Blog do Gaipava
O Blog do Cusco Baldoso
O Blog do Aquarela
O Blog do Maracatu
Ainda hoje guardo todos esses blogs com muito carinho e as vezes ainda dou uma olhadinha em alguns posts da época.
Como era fantástico ler aqueles textos, eu me imaginava naquelas situações, comecei a aprender algumas palavras da linguagem marinheira, mas quando eu falava para as outras pessoas que eu gostaria de ter um veleiro a resposta era imediata "VOCÊ É LOUCO" ou "ISSO NÃO PRA NÓS, É COISA DE MILIONÁRIO).
Um belo dia navegando pelo youtube descobri um vídeo que se tornou meu vídeo de cabeceira
Assistia esse vídeo no mínimo 2 vezes ao dia, sempre quando chegava no escritório e outra vez antes de ir embora, foi assim por meses.
A convivência com os sócios, na verdade um deles, já não era mais tão tranquila e o clima na empresa começou a ficar tenso, pesado, insuportável, e no final do ano não deu outra comprei a parte dos sócios na empresa e a assumi completamente.
No dia 07 de Dezembro de 2010 nasceu o Gabriel.
Assim terminou 2010.
Janeiro de 2011, como era difícil administrar uma empresa sozinho, o trabalho novamente era a única coisa que eu fazia, novamente estava trabalhando das 07:00 as 22:00 de segunda a segunda até que um belo dia o inevitável aconteceu, tive uma crise nervosa gravíssima, não entendia o motivo, estava tudo certo, tinha comprado uma chácara a empresa já tinha dois carros e oito funcionários, mas isso não foi suficiente para evitar a crise nervosa, lembro como se fosse ontem:
O telefone não parou de tocar o dia inteiro, a cada trim trim meu coração acelerava, fui me irritando, minha pressão subiu um pouco e o telefone lá trim trim trim, aquele barulho parecia ensurdecedor, entrava na minha cabeça através do meu ouvido como uma agulha de trico, fui conferir a lista dos pagamentos dos clientes pelo software do banco e não abria nada, caiu a internet e o telefone la trimmmm trimmmmm trimmmmmmm no final da tarde antes dos funcionários irem embora me tranquei na minha sala e chorei, chorei de desespero, de raiva, de arrependimento, chorei de dor de autopiedade, chorei de pânico, chorei por quase uma hora sem motivo nenhum.
Uma semana depois da choradeira lá estava eu sentado de frente ao médico, o diagnóstico foi simples, stress, tinha que desacelerar, tinha que mudar de vida ou poderia morrer "dos nervo".
Entre meus clientes sempre tive amigos, o Herbert, que já frequentou os posts do nosso blog (veja aqui e aqui) é um deles,e um outro amigo muito especial é o Fábio, dono de uma maravilhosa padaria aqui em Caçapava, foi para o Fábio que contei sobre meu episódio de stress ele prontamente me receitou velejar, o estranho que eu nunca tinha falado para ele que já estava sonhando com um veleiro fazia tempo e apesar de sempre ler e assistir tudo sobre veleiros nunca tinha procurado um para comprar, o Fábio me falou que o preço poderia ser menor do que eu imaginava e abriu o site do mercado livre, era só escolher um que coubesse no bolso e começar a viver, não por acaso encontrei um Tahiti 16 pés chamado Vivre que me chamou a atenção, o nome do barco parecia um recado pra mim, foi ai que começou outra fase da minha vida.
A Foto do Vivre no anúncio do mercado livre |
Continua...
Parte 3