quarta-feira, 29 de abril de 2015

MAIS VISITAS NO VIVRE!

O Eduardo
De janeiro pra cá, velejei mais do que o ano passado inteiro, se olharem os posts anteriores, verão que já levei um bocado de gente para conhecer um pouco mais sobre vela e veleiros, alguns nunca tinham pisado em um veleiro essa semana foi a vez do Eduardo, meu primo, a Nádia, namorada dele, a Esther e a Júlia, filhas do Eduardo, fiquei preocupado com a privacidade das meninas no Vivre mas elas tiraram de letra, fiquei preocupado com o pernoite das meninas, mas elas tiraram de letra.

O Vivre é um veleiro pequeno e comporta confortavelmente até 4 pessoas para dormir, quando  vou com a minha família vamos em 6, que é a capacidade máxima da embarcação, neste caso dormir vira um exercício de paciência e aproveitamento de espaço, nós aprendemos a fazer malas eficientes e pequenas, aprendemos a levar só o necessário

Quando convidei o Eduardo, meu primo, ele perguntou se dava para levar as meninas dele, avisei sobre o espaço pequeno e sobre o conforto que o Vivre oferece, mas ele achou que não seria problema, e não foi.

As meninas
Decidi convida-los pois achei que eles tinham o perfil de "aventureiros" que o Vivre adora, quando digo aventureiros não quero dizer irresponsáveis, quero dizer que são pessoas com o nível de "frescura" bem baixo, pessoas que suportam um pouco de desconforto e reconhecem que isso é um preço baixo a se pagar pela sensação de estar vivo, o Du e a Nádia são motociclistas de primeira e vivem na estrada com uma Boulevard 1500 cilindradas, ele me contou que quando algumas pessoas falaram para ele que 4 rodas eram mais seguras do que 2 ele comprou outra moto e ficou com 4 rodas!

a turminha na proa do Vivre
Com asas tatuadas nas costas e uma cara de mau o Eduardo é um cara super família e fica o tempo todo cuidando e preocupado com o bem estar das meninas, a Nádia é super divertida e boa de conversa, falamos sobre tudo um pouco, mais de moto e de barco, os dois sabem o que é uma paixão, a diferença é que a minha paixão não tem rodas. As meninas são muito educadas e comportadas, não tivemos problemas em faze-las usar os coletes ou acomoda-las no barco, animados e empolgados foi fácil agradar a todos, só tem um problema quando o Vivre recebe visitas de tão alto nível de companheirismo, o nível de comparação sobe e vai ficando difícil arrumar companhia boa!

É "nóis"
A Nádia me confessou que chegou em Ubatuba com medo, mas assim que pisou no convés o medo desapareceu, as meninas ficaram o tempo todo na água, em profundidades nunca antes experimentadas por elas, acho muito legal criança que tem medo, mas confiam nos pais, usando o colete e flutuadores tipo espaguete deixamos as meninas brincarem na água, mas sempre de olho claro, em nenhum momento elas ficaram sem supervisão, principalmente do Eduardo!

No sábado velejamos por horas e voltamos para a poita na Ribeira para dormirmos, a noite fomos a cidade e comemos um pizza e quando voltamos o Eduardo simplesmente apagou, não vou dizer que ele dormiu como uma pedra porque pedra não ronca. a Nádia e as meninas me disseram que demoraram para pegar no sono por causa do teto baixo da proa e a sensação de clausura, mas assim que abriram a gaiuta  e o vento entrou elas conseguiram dormir, eu não vi nada disso, pois como o Eduardo eu dormi rapidinho, só que não ronquei, aliás, eu nunca me ouvi roncando, portanto, não ronco.

O cara é tão livre que tem asas, voa nas rodas da moto
e agora conhece outra forma de voar, nas asas do vento!
No Domingão, como o vento estava minguadinho, 3 a 5kt, fomos motorando até o boqueirão, mas como eu tinha decidido que não passaria dali voltamos até a praia do Flamengo onde eles desembarcaram sozinhos na praia e o Eduardo aprendeu a remar, fiquei no barco por dois motivos, o primeiro foi para dar espaço para eles brincarem, conversarem e curtir o momento em família naquele lugar lindo, segundo porque alguém precisava fazer o almoço, fiz um macarrão com sardinha que rendeu muitos comentários no Facebook.

Essa foto foi um presente pra mim, adoro fotos do Vivre!
O Desafio do peixe cru continua, o primeiro peixe que embarcar no Vivre eu vou comer cru, desde 2012 nunca ninguém embarcou um peixe, por via das dúvidas mantenho o molho shoyu e o wasabi sempre a mão, mas não foi desta vez que rolou o sashimi.

Parece que a turma gostou muito do passeio e prometeram voltar, o Vivre agradece a preferência e está com a gaiuta sempre aberta para essa turminha, foi um final de semana cheio de novidades e divertidíssimo apesar do tempinho meio frio!




Pôr do sol no mar, coisa linda
 É isso ai pessoal, deste passeio ficou um gostinho de quero mais, tomara que essa turma volte logo!

terça-feira, 28 de abril de 2015

MINHA PRIMEIRA FRENTE FRIA!

Não que tenha sido a primeira frente fria que eu peguei no mar, mas foi a primeira que eu não fiquei acuado na poita! 


Fazia um tempão que eu não via o Eduardo pessoalmente, só nos falávamos por whatsapp ou comentários pelo Facebook, foi quando tive a ideia de convidá-lo para passar o final de semana no Vivre, ele topou, mas na terça-feira o windguru começou a apontar uma frente fria justamente no sábado, analisei aquela previsão por várias horas, dei um pulo no site do cptec inpe para confirmar a previsão, batia mais ou menos, fui lá no site meteomarinha e avisos de mau tempo também da marinha e a cada dia que passava a previsão ia se confirmando, ventos SW de 11kt com rajadas de 15kt, ondas de 1,5/1,6mt com período de 13 a 15 segundos. O maior problema dos ventos que vem de SW, na minha opinião, é que eles são fortes e inconstantes, as rajadas podem ser violentas e sair de 10kt para 30kt em segundos. A minha análise desta previsão foi a seguinte:
1º - O vento vai entrar forte, mas eu consigo levar o barco com segurança dentro da enseada.
2º - As ondas estão pequenas mas as vagas estão grandes, esse será meu maior problema.
3º - A tripulação nunca velejou e o mar vai estar bem chato, e pode ser que a experiência não seja tão agradável quanto eu gostaria que fosse.

Para confirmar minha análise pedi a opinião do Juca Andrade, proprietário do Veleiro Malagô e  da escola de vela  oceânica Cusco Baldoso e ele confirmou minha análise, mesmo assim mudei a rota que tinha feito para o final de semana e decidi ficar apenas na enseada do flamengo chegando no máximo próximo ao boqueirão, afinal, coragem e confiança demasiada costumam causar problemas, mas confesso que fiquei orgulhoso quando o Juca confirmou minha análise das condições climáticas.

Foi difícil de controlar a ansiedade, afinal eu tinha decido sair da poita no dia que entraria uma "pequena" (se é que pode se chamar assim) frente fria , com ventos bem acima da minha zona de conforto e com uma tripulação que pouco ou nada poderia fazer no caso de algum problema.

Olha a cara feia do tempo!
Assim que chegamos na Ribeira no sábado, resolvemos algumas coisas em terra e logo estávamos todos embarcados, a previsão dizia que o pior da frente seria entre 09h e 14h, esperei pacientemente de olho no vento, no relógio e nas ondas, ao vivo a mais fácil analisar a situação, já estava decidido que iria soltar as amarras e velejar, mas, se o mar e o vento estivessem muito grossos é claro que eu abortaria a velejada.

A tripulação era composta por Eduardo, meu primo, a Nádia, namorada dele, a Esther e a Júlia, filhas do Eduardo, já estou preparando outro post só pra falar do passeio e da maravilhosa companhia que essa turma me fez, mas hoje quero falar da velejada!

Todo mundo de colete! O tempo todo!
Soltamos a amarras, as meninas pareciam bem a vontade e o Eduardo estava tranquilo, toda vez que recebo visitas no Vivre faço um discursinho que já tenho decorado, falo sobre a retranca, sobre coletes, sobre como o barco aderna, sobre acatar as ordens do comandante, já escrevi um post sobre isso,  essa aulinha prepara a turma para uma possível adernada mais violenta e traz segurança para todos, motoramos até sair área das poitas e rapidinho abrimos as velas, não fiz cerimônia, subi logo todo o pano, afinal eu queria velejar de verdade, por segurança as meninas permaneceram de colete o tempo todo, de repente o barco estava navegando, com um vento de alheta, o Vivre ganhava velocidade mas não adernava muito e eu pensei: É nesse vento que eu vou; Brincamos muito de velejar, conversando com o pessoal falei sobre como o barco inclinava em certas situações e não é que eles quiseram experimentar, ai preparei todo mundo e orçamos num vento de 10kt mais ou menos, o Vivre fez bonito e a tripulação também!

Quem se elogia não merece confiança, mas eu fiquei orgulhoso de novo, controlei as velas com calma, adernava o barco de forma controlada, entrava e saia do vento sem sustos ou trancos, sabia exatamente da onde o vento estava vindo, quase dava pra ver o vento, as pessoas que estavam no Vivre sentiram confiança no comandante, foi incrível, foi uma velejada deliciosa, velejei com um olhar diferente para as velas, conseguia receber as rajadas sem deixar o barco adernar muito, velejei em todas as mareações com o barco cheio e ninguém se assustou, foi ótimo, acho que estou aprendendo!

sexta-feira, 17 de abril de 2015

CARTAS NÁUTICAS ELETRÔNICAS!



Caros leitores, o post de hoje se trata de uma utilidade pública, perambulei por muitos sites e não consegui uma URL que me oferecesse todas as cartas náuticas digitais em um único arquivo , isso me forçou a baixar uma a uma as cartas (de forma automatizada claro). Para evitar que você passe por isso, segue o link com todas as cartas que eu tenho compactadas em um único arquivo.
http://www.cplotter.com.br/vivre/cartas.rar, são 177 cartas que podem ser usadas em conjunto com vários aplicativos de navegação como o SeaClear II por exemplo. Vale lembrar que as cartas podem estar desatualizadas, então, como sempre digo, use por sua conta e risco, alguns arquivos eu peguei do site da marinha, outras em sites de revistas especializadas em pesca ou náutica e algumas consegui nos fóruns da vida!
As cartas são:
1, 10, 20, 21, 30, 40, 50, 51, 52, 60, 70, 90,
200, 201, 202, 203, 204, 205, 206, 210, 220, 230,
231, 232, 233, 241, 242, 243, 244, 300, 302, 302,
304, 305, 306, 310, 311, 314, 315, 316, 320, 400,
410, 411, 412, 413, 414, 511, 701, 702, 704, 705,
710, 720, 802, 803, 806, 810, 830, 901, 902, 906,
910, 920, 930, 1000, 1001, 1003, 1101, 1102, 1103,
1104, 1105, 1108, 1110, 1131, 1171, 1200, 1201,
1301, 1310, 1312, 1400, 1401, 1402, 1403, 1404,
1410, 1420, 1501, 1503, 1504, 1505, 1506, 1507,
1508, 1511, 1512, 1513, 1515, 1516, 1517, 1531,
1550, 1607, 1620, 1621, 1622, 1623, 1631, 1632,
1633, 1634, 1635, 1636, 1637, 1641, 1642, 1643,
1645, 1701, 1703, 1711, 1801, 1803, 1804, 1805,
1820, 1821, 1822, 1901, 1902, 1903, 1908, 1910,
1911, 2000, 2100, 2101, 2102, 2103, 2105, 2106,
2017, 2108, 2109, 2110, 2111, 2112, 2113, 2140,
2200, 21020, 21050, 21070, 21600, 21700, 21800,
21900, 22000, 22100, 22200, 22700, 22800, 23000,
23100, 23300, 23500, 25110, 25115, 25119, 25120,
25121, 25122
Infelizmente, algumas cartas estão corrompidas, (é, as cartas 1607 e 1620 estão corrompidas), contudo, decidi coloca-las aqui para o caso de alguém conseguir recuperar.
Gostaria de deixar claro que o download destas cartas NÃO é ilegal, já que estão disponíveis até no site da marinha, o que eu fiz foi compacta-las em um único arquivo para facilitar o processo!

terça-feira, 14 de abril de 2015

A VELEJADA DIVISORA DE ÁGUAS! PARTE 2

Como já escrevi no post anterior (se você não leu a primeira parte, clique aqui), partimos da ilha Anchieta bem cedinho, por volta das 6h da manhã, o objetivo era chegar até a Enseada de Ubatumirim, dormir lá e no domingo voltar direto para o saco da Ribeira, em Ubatuba de manhã quase nunca tem vento e o mar na maioria dos dias esta bem calmo, parado mesmo, nessas condições não tivemos alternativa a não ser ir motorando até que o vento resolvesse dar o ar da graça. Quando chegamos no través do Itaguá, resolvemos aproar para a praia do cedro. A praia do cedro era um objetivo desejado desde quando eu tinha o vivrinho, tentei ir lá por 2 ou 3 vezes mas nunca deu certo, a ideia era tomar um banho, comer alguma coisa, usar o banheiro do quiosque e continuar nossa travessia.

Se tem uma faina que eu ando fazendo corretamente é a ancoragem, desde que garramos (é quando o barco arrasta a âncora) lá na praia do Soares, decidi estudar bem o processo e até agora não garramos mais, não digo que não vá acontecer de novo, mas até agora esta dando certo.
A praia do Cedro é linda, tem um ar bem família, na parede do quiosque tem um belíssimo painel de fotos e notícias sobre os "colonizadores" da praia, fotos em preto e branco retratando crianças de 4 ou 5 anos que hoje são homens de 50 anos, quase um livro que conta a história do lugar, o pessoal do quiosque não tem frescura, os vistantes levam bebidas e petiscos e usam as mesas do quiosque sem neuras, chegamos na praia, usamos o banheiro, tomamos banho numa bica que tem por lá e ninguém falou nada de consumir, nem ficaram olhando de cara feia, claro que depois de usar as instalações do cara, comprei duas cervejinhas antes de zarpar rumo a Enseada de Ubatumirim, assim que puxamos a âncora, adivinha...
... o motor morreu, e não quis pegar de jeito nenhum, foi um puxa que puxa na cordinha do motor que quase fiquei sem braço, tinha um ventinho fraquinho que achei que dava pra tocar o barco, pedi para o Cadu ficar na proa atento a uma possível ordem de lançar a âncora novamente, estávamos perto demais da costa para correr algum risco, meu medo era pegar uma correnteza e acabar derivando para as pedras, enquanto o Cadu estava de olho nas pedras e pronto pra jogar âncora eu subi as velas para tentar aproveitar o ventinho de leste que soprava, regulei as velas para uma orça folgada e fomos nos distanciando da costa a 1 nó, pronto, já tinha ganhado o dia, não por conseguir tocar o barco no vento fraco, mas por controlar a situação, não fiquei preocupado nem por um minuto, nem pensei em retornar para a praia, minha prioridade era se afastar das pedras e da praia,e quando já estivéssemos safos trocar o motor.

Tenho dois motores, um de 5hp que toca o Vivre e outro de 3.5hp que toca o bote, quando estava na Ribeira usando o motorzinho para embarcar o Cadu e os mantimentos o motorzinho estava fraquinho, parecia afogado, se eu desse acelerador ele morria, achei estranho pois o motorzinho esta revisado, agora o motorzão passava pela mesma situação, só que não pegava mais, imediatamente suspeitei do combustível e lembrei que a porcentagem de etanol na gasolina aumentou e isso com toda certeza iria refletir no motor. Já tinham me falado para usar só a a tal da gasolina podium, que tem uma octanagem maior, mas eu achava exagero, pois bem, como os motores de popa não são flex, agora tem que usar a podium mesmo.

O Vivre já tinha se afastado bem da costa e até daria para baixar as velas e trocar o motor, mas lembrei que o pequeno também estava meio "borococho" e resolvi continuar à vela até o Itagua, onde tomaria as decisões sobre a situação, agora só importava chegar no ancoradouro, o problema é que teria que velejar de vento em popa e eu nunca consegui fazer isso direito, sempre que tentei as velas não armaram direito, o barco não rendeu, mas desta vez foi diferente, decidi que iria fazer direito e ai tudo mudou. Aproei o barco para nosso destino e imediatamente a mestra quis fazer um ângulo reto com o barco, mas cacei a escota e fui acertar a genoa, fui soltando o cabo e foi ai que tive uma epifania, consegui prever segundos antes que a vela iria fechar, foi como se a genoa tivesse me avisado por meio do seu comportamento o que estava prestes a fazer, percebi a vela como um todo, cada dobra, cada garruncho , finalmente havia entendido como funciona a vela, entendi que as fitinhas do senhor do bomfim presas nos estais são só um guia, mas quem determina o quando de escota se deve soltar é a vela, percebi que estava fazendo certo, sabia que estava aproveitando o vento da melhor maneira possível, pela primeira vez desde que coloquei os pés em um veleiro eu tinha certeza de que a vela estava no lugar certo, isso levou 3 anos, 3 longos anos, foi incrível, uma sensação de vitória inflou meu peito quase tanto quanto o vento inflava a vela e finalmente tive a impressão de voar, foi lindo, lindo de uma maneira que só eu pude perceber, só eu senti. Agora eu tinha que resolver a mestra, quando soltei a escota ela foi pro mesmo lado da genoa e eu resolvi este problema empurrando a retranca para o outro lado com a mão, depois disso fomos firme, forte e rápido até passar perto do Gaipava do comandante Ricardo e escolhermos um lugar para jogar o ferro.
Chegamos nos domínios do Gaipava

Jogamos o ferro bem perto do pier, e desembarquei para entender o que tinha acabado de acontecer, não cabia dentro de mim e o curto espaço do Vivre ficou pequeno para mim, isso e fui comprar cigarros também!

Quando voltei fui direto para o motor, desafoguei o danado e dei partida, pegou e morreu, então fui por partes, respondendo perguntas básicas:
Tem combustível? O combustível esta chegando no carburador? Tem faísca nas velas? Todas as respostas foram sim, então comecei a matutar um motivo para o motor afogar, pensei que se a gasolina tem mais etanol não deve estar explodindo conforme deveria, vou abrir um pouco a entrada de ar e ver como ele se comporta, voilà, acertei e o motor voltou a funcionar corretamente, mas já era tarde para prosseguirmos com nosso plano de ir até Ubatumirim, mas isso já não importava, eu estava em um outro nível de velejador agora, o destino não importava mais!

A noite foi chegando e o mar estava um espelho, sem vento e sem ondas, dormi como nunca tinha dormido com o barco na âncora, não havia percebido o quanto estava cansado por conta da noite anterior mal dormida, nem lembro o que sonhei naquela noite.

No domingo saímos do Itagua lá pelo meio dia e saímos com todo o pano em cima, eu estava ansioso para velejar de novo, dessa vez com vento contra, mas eu já sabia o que fazer, fomos até a ponta grossa em uma orça fechada a uma velocidade média de 2 nós, mas nem pensei em ligar o motor, queria velejar, queria me comunicar com as velas, acho que finalmente pari o velejador que eu gestei durante 3 anos. Assim que chegamos na "esquina" da ponta grossa aproamos para a ilha Anchieta e fomos até o boqueirão só na vela, depois disso ligamos o motor e chegamos na Ribeira motorando!

É isso ai gente, tem mais umas fotos que tiramos neste incrível passeio, vejam:
Eu bobão!

Praia do Cedro

Praia do Cedro

Itagua de noite

Ilha Anchieta

segunda-feira, 13 de abril de 2015

A VELEJADA DIVISORA DE ÁGUAS! PARTE 1

Já fazia um bom tempo, desde que comprei o primeiro barco em 2012, que eu tinha a ideia de passar alguns dias no mar sem as crianças menores, a intensão era testar meus conhecimentos, descobrir os limites do  barco e os meu também, e isso aconteceu só agora em 2015, acho que foi no tempo certo, já passei muito perrengue, fiz muita bobagem e cometi muitos erros, uns bobos outros graves, e assim aprendi o que não se deve fazer em um barco, porém, saber o que não se deve fazer não significa que se sabe fazer o que é certo, por isso estava ansioso para ir pro mar com mais liberdade e menos responsabilidade.

Desde que comecei com este blog tenho feitos muitos amigos virtuais, alguns se transformam em amigos do mundo real como é o caso do Ricardo Stark, do Juca Andrade, do Malito, do Vandeco (valeu pela força Vandeco!) e agora o Carlos Eduardo. Eu já tinha conversado com o Carlos Eduardo, Cadu, pelo Facebook, ele também tem um Cruiser 23 fundeado lá em Ilhabela e algumas semanas atrás eu li um post dele se oferecendo como tripulante para uma regata que aconteceria lá em Ubatuba, resolvi responder explicando que não participaria da regata, mas que estava planejando passar uns dias velejando por Ubatuba e se ele quisesse embarcar teria vaga, e ele topou, marcamos nossa partida para sexta-feira dia  10/04/2015.

Cheguei lá no Saco da Ribeira na quinta dia 09 para preparar o barco, dar uma limpada, recolocar uma
adriça que tinha caído, não sei como aconteceu mas a adriça saiu do mastro nas mãos de um dos meninos, recolocar a mesinha de refeição que tanto encantou o Wallace (essa história da mesinha também é boa e ainda não contei, qualquer hora eu escrevo), reinstalar o Rádio VHF, afinal eu estava afim de testar limites e o Rádio poderia ser necessário, tinha que arrumar a cana de leme também, ela estava muito ressecada e tinha uma trinca que estava me incomodando, enfim, tinha um montão de coisas pra fazer antes de zarpar, reforma de barco não acaba nunca, passei o dia inteiro e grande parte da noite trabalhando e arrumando o Vivre. A noite foi tranquila exceto por umas 3 ou 4 horas que o mar ficou mexido e o vento soprava forte, como estava cansado e o barco na poita dormi bem pra caramba.


Na sexta-feira, conforme combinado, o Cadu chegou e logo estava embarcado, planejamos nossa rota e zarpamos com destino a Ilha Anchieta, fizemos quase todo o percurso à vela, com um ventinho razoável que soprava de leste, bem na nossa cara, atingimos a velocidade máxima de 3.5 nós e a média de velocidade ficou em 2.3 nós, fiquei satisfeito por conseguir calcular os bordos e atingir meu destino que era a entrada do boqueirão e assim descobri que sei velejar "contra" o vento, quando entramos no boqueirão o vento diminuiu, praticamente parou, e lá tem uma correntezinha que não conseguimos vencer, e ai ligamos o motor, mas logo que passamos o boqueirão cortamos o motor e chegamos a vela. Antes de sair dei uma olhada no windguru e descobri que entraria um vento de 11 nós lá pelas 21h, por segurança fui falar com um marinheiro e ele me disse que seria melhor jogar o ferro no canto  oeste da Enseada das Palmas, acatei sem discutir, nem olhei a direção que o vento viria, deveria ter dado mais atenção aos meus instintos, deveria ter confiado menos na palavra do amigo marinheiro e deveria ter olhado a direção que o vento entraria, se tivesse feito isso eu teria jogado ferro no canto oposto da enseada e me abrigado melhor do vento, balançamos muito, e o vento durou até lá pelas 3 ou 4 da madrugada, foi uma noite mal dormida e ainda por cima quando cochilei sonhei que tinha uma barco encostando no Vivre e uns caras invadindo nosso barco, acordei num salto, resultado: amanheci moído!

O Cadu, é um cara que tem uma vibe meio hippie, mas não é bicho grilo 100%, uma vez o Willyam me definiu com hippie 2.0, acho que o Cadu é exatamente isso, um hippie 2.0, o bate papo foi gostoso, ele tem umas ideias geniais para otimizar o espaço do barco dele, algumas eu vou copiar. O cara é um tipo de faz tudo que trocou um mês de trabalho por um curso de vela, conhecer pessoas interessantes com experiências bem diferentes é sempre legal, acho que vai se tornar figurinha fácil no convés do Vivre. Além de me ensinar sobre permacultura e comunidades auto-suficientes, ele preparou um arroz integral de garrafa térmica que ficou show de bola, e eu achava que iria odiar arroz integral!

Na manhã de sábado, dia 11, saímos bem cedinho, e como de costume não tinha vento nenhum e o mar estava um tapete, o plano era irmos até a Enseada de Ubatumirim, pernoitar lá e voltar para a Ribeira no domingo de manhã, como eu disse o plano ERA esse, não contávamos que com dois motores a bordo ficaríamos sem nenhum, conto os detalhes no próximo post!