Essa me contaram quando estava trabalhando na elétrica de um veleiro no Rio de Janeiro, vou mudar o nome dos personagens para não comprometer ninguém pois o caso é verídico.
Garibalde é um velho lobo do mar, velejador ativo aos 85 anos, proprietário de um brasília 32 que tem o nome de Birds Bis, sabe tudo de mar, vela e barcos. Garibalde certa vez convidou o Abrantes e o Nestor para um fim de semana embarcados no Birds Bis, sairiam do Rio até Ilha Grande, onde fariam um ou dois pernoites e voltariam pra casa.
Abrantes também é homem do mar, mestre amador habilitado, já o Nestor nunca tinha embarcado em um veleiro na vida e não conhecia as manhas e manias de um veleiro.
Eles já estavam na Ilha Grande quando a noite começou a cair, Garibalde avistou um dupla de pescadores que estavam indo pescar camarões e encomendou uma bocado deles, algumas horas depois os camarões já tinham se transformado em uma deliciosa moqueca, com azeite de dendê, leite de coco requeijão, Abrantes além de velejador é um ótimo cozinheiro, não sobrou um camarão pra contar a história, entre uma garfada e outra rolava um gole de vinho ou cerveja, sim o barco estava bem "equipado". Foi uma noite regada a comida boa e conversa melhor ainda.
De manhã Nestor acordou meio, digamos, desarranjado do intestino, nem tomou café e se trancou no banheiro do brasilia 32, que aliás, era o xodó do Garibalde, 10 minutos lá dentro e de repente o grito:
- Puta que pariu Garibalde, olha a merda que eu fiz no seu barco. Garibalde gelou, achou que tinha algo errado com os registros do vaso sanitário e correu até o banheiro.
Quando Abrantes viu Garibalde chorando e embarcando no bote com cara de poucos amigos ele perguntou:
- O que aconteceu? Algum problema?
- Tem merda no teto! Respondeu Garibalde enquanto dava partida no motor do bote. Ficou claro que ele iria à terra, Sem entender nada Abrantes foi conversar com Nestor para saber o que estava acontecendo e ai obteve a explicação
"Hoje eu acordei com dor de barriga, a moqueca de ontem não me fez muito bem, então acordei e fui direto para o banheiro, aquela privadinha é estranha, mesmo assim tive que usá-la, depois de 10 minutos sentado lá já me sentia melhor, a barriga já não estava mais 'empachada' ai fui dar descarga, vi aquela bombinha do lado da privada e fui chuc, chuc, chuc, chuc, chuc e nada da privada limpar, então fui de novo na bombinha, chu, chuc, chuc, chuc e nada bombeei mais um bocado até a bomba ficar dura, foi ai que eu percebi que a válvula no pé da privadinha estava fechada e abri, e quando eu abri a privadinha que tava cheia de pressão jogou tudo que tinha dentro como um vulcão, o banheiro ta todo cagado, o Garibalde ficou puto e foi comprar material de limpeza pesada, acho que ele ficou um pouco chateado comigo!"
Dizem as más línguas que até hoje o Nestor é persona non grata no Birds Bis!
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
RIME OF THE ANCIENT MARINER.PARTE 4.
Links para as partes anteriores do post:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
O Vento:
Assim que cheguei na poita eu amarrei o barco, a poita do Vivre tem 4 alças, duas com cabos grossos e duas com cabos finos que eu mesmo fiz, gosto de fazer essas marinharias, como estava com pressa para desembarcar o Dani por causa da febre, eu prendi o veleiro somente com alças mais finas, prendi o reforço do top da genoa no mosquetão que prende o punho da amura, traduzindo prendi a parte de cima da vela junto com a parte de baixo bem onde a vela fica presa na proa, amarrei a grande com um elástico, desses de moto, na própria retranca.
Depois de um dia cheio e muito quente, com direito a mergulho com motor e tudo, deixei os visitantes no pier do Saco da Ribeira por volta da 18 horas, dei um pulinho no mercadinho tomei duas cervejas e comprei mais quatro pra tomar no Vivre, é gostoso tomar uma gelada no barco, principalmente em uma noite quente, eu sento no cockpit e fico apreciando o balanço do mar e os peixes pulando, na verdade cerveja é bom até na fila pra tomar vacina. A noite estava quente e a cerveja já fazia seu trabalho diurético, e toda hora lá estava eu na prainha do barco fazendo xixi, é muito legal fazer xixi de noite no mar, em especial quando a noite esta escura, os planctons cintilam com um verde neon típico deles.
Deixei a cerveja de lado e fui me deitar um pouco, peguei o celular e por WhatsApp fui falar com o Luiz Cabral do veleiro Spirity Of Libert, um O´day bem ajeitado, estávamos combinando minha visita ao barco no domingo para fazer uns reparos na parte elétrica, de repente as velas começam a bater por conta de uma rajada forte de vento que entrou, saí para amarrar melhor as velas pois um elástico não iria segurar a grande se o vento aumentasse, já passei apertado com velas armando sozinhas por estarem mal amarradas, peguei uns cabos e amarrei a grande, quando fui amarrar a genoa o vento entrou de vez, e com vontade, até assoviava, perto do Vivre tem um barco com um sino e toda vez que venta o sino toca desesperadamente, tim, tim, tim, tim, o vento era tanto que não dava pra ficar de pé, fiz a amarração da vela sentado, me arrastando pelo convés, finalmente a vela estava toda amarrada, nem se mexia mais, quando olhei para os outros barcos foi bonito de ver, todos aproados para o vento como que fazendo um reverencia a ele, e o vento aumentava cada vez mais, nesse momento começou a tocar RIME OF THE ANCIENT MARINER no radinho do Vivre, adora essa música e não podia ter tocado em hora mais oportuna, corri para a cabine e aumentei o som no último, e o vento aumentando, lembrei que as alças que prendiam o Vivre eram finas e isso me preocupou, me arrastei para a proa de novo dessa vez com o croqui na mão, a ideia era laçar as alças mais grossas e amarrar o barco a elas também, e a música tocando alto:
"Hear the rime of the ancient mariner
See his eyes as he stops one of three
Mesmerizes of one of the wedding guests
Stay here and listen to the nightmares of the sea!"
Lacei as alças, mas o vento era tanto que não dava para coloca-las nos cunhos e em um esforço descomunal fiz uma alavanca com o croqui no púlpito, os músculos do meu braço pareciam que iam explodir, estava sentado com as perna para fora do barco, trancei as pernas no cabo do croqui e puxei com toda força do mundo, pronto uma alça estava presa, e o vento uivava, e o sino do outro barco tocava deixando a situação ainda mais tensa, dava pra sentir o cheiro da adrenalina que exalava do meu corpo, e apesar do vento eu suava em bicas, foi então que o mar começou a crescer, e eu me lembrei do bote que estava amarrado lá na popa, quando olhei não acreditei, o bote estava flutuando uns 30 centímetros acima da água, parecia uma pipa, o lais de guia que faço para amarrar o bote estava sendo posto a prova, e passou no teste, acabou a música, como tudo estava sob controle, pelo menos dentro do possível numa situação como essa, fui pra cabine e coloquei a música para tocar de novo, dessa vez mais baixo, fiquei olhando com admiração e encantamento a força da natureza, torci para que os cabos aguentassem, os do Vivre e os dos outros veleiros também, foram 39 minutos de emoção, fazia muito tempo que não me sentia tão vivo, tão forte, tão capaz, me senti um homem do mar, acho que foi efeito da adrenalina.
Quando o vento acalmou, abri a última cerveja e começaram a chegar as mensagens pelo celular, o Luiz Cabral, o Adir, o Hermes, todos queriam saber como eu estava, se estava tudo bem comigo e com o barco, naquela noite não consegui dormir.
Parte 1
Parte 2
Parte 3
O Vento:
Assim que cheguei na poita eu amarrei o barco, a poita do Vivre tem 4 alças, duas com cabos grossos e duas com cabos finos que eu mesmo fiz, gosto de fazer essas marinharias, como estava com pressa para desembarcar o Dani por causa da febre, eu prendi o veleiro somente com alças mais finas, prendi o reforço do top da genoa no mosquetão que prende o punho da amura, traduzindo prendi a parte de cima da vela junto com a parte de baixo bem onde a vela fica presa na proa, amarrei a grande com um elástico, desses de moto, na própria retranca.
Depois de um dia cheio e muito quente, com direito a mergulho com motor e tudo, deixei os visitantes no pier do Saco da Ribeira por volta da 18 horas, dei um pulinho no mercadinho tomei duas cervejas e comprei mais quatro pra tomar no Vivre, é gostoso tomar uma gelada no barco, principalmente em uma noite quente, eu sento no cockpit e fico apreciando o balanço do mar e os peixes pulando, na verdade cerveja é bom até na fila pra tomar vacina. A noite estava quente e a cerveja já fazia seu trabalho diurético, e toda hora lá estava eu na prainha do barco fazendo xixi, é muito legal fazer xixi de noite no mar, em especial quando a noite esta escura, os planctons cintilam com um verde neon típico deles.
Deixei a cerveja de lado e fui me deitar um pouco, peguei o celular e por WhatsApp fui falar com o Luiz Cabral do veleiro Spirity Of Libert, um O´day bem ajeitado, estávamos combinando minha visita ao barco no domingo para fazer uns reparos na parte elétrica, de repente as velas começam a bater por conta de uma rajada forte de vento que entrou, saí para amarrar melhor as velas pois um elástico não iria segurar a grande se o vento aumentasse, já passei apertado com velas armando sozinhas por estarem mal amarradas, peguei uns cabos e amarrei a grande, quando fui amarrar a genoa o vento entrou de vez, e com vontade, até assoviava, perto do Vivre tem um barco com um sino e toda vez que venta o sino toca desesperadamente, tim, tim, tim, tim, o vento era tanto que não dava pra ficar de pé, fiz a amarração da vela sentado, me arrastando pelo convés, finalmente a vela estava toda amarrada, nem se mexia mais, quando olhei para os outros barcos foi bonito de ver, todos aproados para o vento como que fazendo um reverencia a ele, e o vento aumentava cada vez mais, nesse momento começou a tocar RIME OF THE ANCIENT MARINER no radinho do Vivre, adora essa música e não podia ter tocado em hora mais oportuna, corri para a cabine e aumentei o som no último, e o vento aumentando, lembrei que as alças que prendiam o Vivre eram finas e isso me preocupou, me arrastei para a proa de novo dessa vez com o croqui na mão, a ideia era laçar as alças mais grossas e amarrar o barco a elas também, e a música tocando alto:
"Hear the rime of the ancient mariner
See his eyes as he stops one of three
Mesmerizes of one of the wedding guests
Stay here and listen to the nightmares of the sea!"
Esta imagem ilustra bem como eu me senti! |
Quando o vento acalmou, abri a última cerveja e começaram a chegar as mensagens pelo celular, o Luiz Cabral, o Adir, o Hermes, todos queriam saber como eu estava, se estava tudo bem comigo e com o barco, naquela noite não consegui dormir.
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
RIME OF THE ANCIENT MARINER.PARTE 3.
Links para as partes anteriores do post:
Parte 1
Parte 2
Um dia de passeio::
Finalmente chegou o dia de largar a poita, o Edson chegou cedo com toda a família, ele, a esposa Edna, o Gu filho dele, o Felipe cunhado e o Dani o sobrinho. O Gu e o Dani têm por volta de 4 anos, assim que embarcaram já entraram na cabine, montei a mesinha para eles e saquei o pictureka, um jogo de cartas, para eles brincarem, preparei o convés, conferi as velas, cabos motor, dei uma olhada no GPS no celular e partimos, tirei o barco do meio da área de poitas e logo passei a cana de leme para o Edson que navegou muito bem, só faltou vento, por isso fomos até a Praia do Sul no motor mesmo.
Já estávamos na saída do Saco da Ribeira, prontos para dar um bordo e seguir em um rumo reto até o través da Praia do Sul quando o Acrux tripulado pelo Edmur e pelo Hermes se aproximou, eles estavam prontos para participar da Regata, o Edmur como sempre, era o mais animado da turma,
A regata foi um espetáculo a parte, os barcos largaram quando estávamos no través da ilha Anchieta, ver o Sessentão, o Montecristo e o Áries navegando juntos foi muito legal mesmo.
O Edson chegou perfeitamente até a praia do Sul, quando estávamos bem próximos, mas a uma distância segura, assumi a cana de leme para as fainas de fundeio, na Praia do Sul tem pedras pra todo lado e é mais seguro fundear um pouco pra fora, só que é fundo, ai precisa de muito cabo, é meio enroscado fundear lá, mas a praia vale a pena.
Chegamos na Praia do Sul as 13hs e ficamos lá até as 15hs, desembarquei meu fogãozinho e fizemos uma "farofinha" em grande estilo, o Dani, uma das crianças que estava no barco, estava muito quietinho e dormiu a tarde toda sob uma gostosa sombra de árvore, quando fomos zarpar, embarcamos ele no bote e do bote para o Vivre sem que ele acordasse, a ideia era irmos até a praia do Flamengo para brincarmos mais um pouco.
Assim que saímos o vento apareceu, fraquinho mas apareceu, e o Edson, aspirante a dono de veleiro, mareou levemente, como ele mesmo definiu, como estávamos com um vento constante de través permiti que ele ficasse na área VIP do barco (na proa) mesmo durante a velejada. No meio do caminho o Dani teve uma febre, pronto, acabou comigo, foi aí que eu tomei a decisão de seguir direto para a poita e desembarcar o Felipe, pai do Dani e o menino o mais rápido possível, velejar tem que ser divertido para todo mundo e não estava mais divertido nem para o Dani nem para o Felipe. O Felipe é um cara muito legal e um pai muito dedicado, percebi a preocupação dele com a febre da criança, todos ficamos preocupados claro, mas o Felipe é pai.
Chegamos na poita e minha preocupação fez com que eu me desconcentrasse da rotina do Vivre, falta de atenção no barco é uma coisa imperdoável e o meu castigo chegou rapidinho, desamarrei o motor de popa do Vivre e fui colocar no bote, e num movimento desconcertante fui pra água com motor e tudo. Tchibum!!!! Sempre imaginei esse momento, por isso mesmo toda vez que vou baldear o motor seguro bem o cabo que fica amarrado nele, quando caí o motor me puxou para baixo com menos peso e velocidade do que eu imaginava, mesmo assim afundei alguns metros, totalmente dono da situação e sem apavoramento olhei a escada da prainha, nunca a tinha visto daquele ângulo, se eu subisse um pouco conseguiria segurá-la e puxar o motor, e assim fiz, tudo isso não durou 5 segundos e logo eu estava com o motor na superfície novamente. Agora o problema seria fazer o motor pegar, coloquei o bichinho no bote e depois de algumas puxadas na "cordinha" ele funcionou como se nada tivesse acontecido, motorzinho fantástico esse Tohatso.
Vou ficar devendo uma foto do Dani e do Felipe, eles não me mandaram.
Foi um prazer enorme receber a família do Edson e da Edna a bordo do Vivre, espero que venham mais vezes.
No próximo post, o último da série, vou contar como foi enfrentar um ventão com o Vivre na poita e sozinho no barco!
Link para a próxima parte do post:
PARTE 4
Parte 1
Parte 2
Um dia de passeio::
Olha o Gu, vocês acham que ele ficou à vontade? |
Já estávamos na saída do Saco da Ribeira, prontos para dar um bordo e seguir em um rumo reto até o través da Praia do Sul quando o Acrux tripulado pelo Edmur e pelo Hermes se aproximou, eles estavam prontos para participar da Regata, o Edmur como sempre, era o mais animado da turma,
A regata foi um espetáculo a parte, os barcos largaram quando estávamos no través da ilha Anchieta, ver o Sessentão, o Montecristo e o Áries navegando juntos foi muito legal mesmo.
O Edson chegou perfeitamente até a praia do Sul, quando estávamos bem próximos, mas a uma distância segura, assumi a cana de leme para as fainas de fundeio, na Praia do Sul tem pedras pra todo lado e é mais seguro fundear um pouco pra fora, só que é fundo, ai precisa de muito cabo, é meio enroscado fundear lá, mas a praia vale a pena.
O Edson e a Edna, acho que ele gostou da cana de leme! Esse não escapa do bichinho da vela não, nem ela! |
Chegamos na Praia do Sul as 13hs e ficamos lá até as 15hs, desembarquei meu fogãozinho e fizemos uma "farofinha" em grande estilo, o Dani, uma das crianças que estava no barco, estava muito quietinho e dormiu a tarde toda sob uma gostosa sombra de árvore, quando fomos zarpar, embarcamos ele no bote e do bote para o Vivre sem que ele acordasse, a ideia era irmos até a praia do Flamengo para brincarmos mais um pouco.
Assim que saímos o vento apareceu, fraquinho mas apareceu, e o Edson, aspirante a dono de veleiro, mareou levemente, como ele mesmo definiu, como estávamos com um vento constante de través permiti que ele ficasse na área VIP do barco (na proa) mesmo durante a velejada. No meio do caminho o Dani teve uma febre, pronto, acabou comigo, foi aí que eu tomei a decisão de seguir direto para a poita e desembarcar o Felipe, pai do Dani e o menino o mais rápido possível, velejar tem que ser divertido para todo mundo e não estava mais divertido nem para o Dani nem para o Felipe. O Felipe é um cara muito legal e um pai muito dedicado, percebi a preocupação dele com a febre da criança, todos ficamos preocupados claro, mas o Felipe é pai.
Visitantes felizes, missão cumprida! |
Vou ficar devendo uma foto do Dani e do Felipe, eles não me mandaram.
Foi um prazer enorme receber a família do Edson e da Edna a bordo do Vivre, espero que venham mais vezes.
No próximo post, o último da série, vou contar como foi enfrentar um ventão com o Vivre na poita e sozinho no barco!
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PARTE 4
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
RIME OF THE ANCIENT MARINER.PARTE 2.
Parte 1
O ser voante:
O Edmur me convidou para almoçar uma deliciosa calderada, a esposa dele já nos aguardava no restaurante quando chegamos, fiquei muito contente quando ele pediu a mocinha da balança que marcasse minha despesa na comanda dele. A conversa do almoço não foi só sobre barcos, o Edmur é um cara muito divertido e gosta de viver a vida de verdade, além de velejar o Acrux ele voa de paraglider, ultraleve e asa delta e me contou sobre como iniciou sua carreira de homem voador. E ele me contou algo mais ou menos assim:
"Sempre achei o máximo as assas delta, uma vez nos juntamos em seis amigos e fomos para um ponto de salto, os caras pegavam suas assas e se lançavam no vazio do abismo e quando achávamos que tinham se estatelado conseguíamos ver a asa delta voando com seu passageiro, não deu outra, saímos de lá decididos a comprar um negócio daquele, e assim foi, na outra semana já estávamos com a nossa asa delta comunitária, junto com o equipamento vinha um manual, li as primeiras três páginas e para minha surpresa o assunto era como sobreviver em caso de queda, parecia um manual de campista, joguei aquela merda de livrinho de lado, vesti o equipamento de segurança me engatei na asa e pronto, iria voar sozinho pela primeira vez, respirei fundo, levantei a asa, tomei coragem primeiro, depois impulso e comecei a correr... Antes da terceira passada tomei um puta tombo e quebrei a clavícula... e depois disso não parei mais de voar"
O Edmur é assim não se consegue ficar triste na companhia dele, a vela sempre me aproxima de boas pessoas.
Visitas surpresa:
Depois do almoço voltei para o Vivre para continuar a limpeza e a arrumação para receber o Edson e sua família, enquanto ia lavando o interior do Vivre ia dando uma olhada no WhatsApp do grupo de velejadores do Itagua, o grupa estava fervendo, muitas histórias e planos para a regata que aconteceria no sábado, o Edmur correu com o Hermes no Acrux o Cezar correu com o veleiro Maluí, mas isso é uma outra história, no meio da conversa alguém fala que uma família gostaria de passear de veleiro na sexta-feira, me prontifiquei a recebe-los no Vivre e logo o Beto me liga, disse que estava chegando a Ubatuba e que gostaria de dar uma velejada se o tempo permitisse, então marcamos para nos econtrarmos no pier do Saco da Ribeira no outro dia cedinho. A noite o Beto me liga para cancelar a velejada, a previsão era de chuva e ele preferiu abortar e deixar para uma outra oportunidade, contudo, queria conhecer o Vivre. Na sexta cedinho lá estava o Beto, a esposa e o filho no pier, fui buscá-los e logo estávamos embarcados e fazendo o que de melhor se pode fazer fazer em um veleiro, conversando e rindo muito, passamos uma manhã muito agradável e divertida mesmo com o barco na poita, já são mais três almas salvas.
Logo que retornei do pier para continuar a limpeza do barco, um multichine que atende pelo nome de Vida Dura passou perto do Vivre e o comandante me perguntou se eu era o Walnei, respondi que sim e ele me disse que já leu o blog do Vivre inteiro e que eu tive uma parcela de culpa na decisão dele de comprar o Vida Dura, fico muito lisonjeado quando isso acontece, lá Ribeira tenho alguns veleiros afilhados, o Vida Dura é mais um, disse ao comandante que apoitasse o veleiro e que viesse para o Vivre para conversarmos, dito e feito, dez minutos depois lá vinha o Leandro com seu pai em um caiaque inflável, o pai do Leandro é um senhor japonês muito simpático, me perguntou se eu pescava, eu disse que tenho uma loja de iscas artificiais na internet, mas que nunca peguei um peixinho sequer no Vivre, corri na minha caixinha de pesca e o presenteei com um par das minhas melhores iscas, a Tube Jig, pedi que ele fotografe os peixes que vai pegar com elas e me mande as fotos, pronto a loja já tem um garoto propaganda, o Senhor Noritomi.
Conversamos por mais de uma hora e o Leandro e seu pai se foram, com certeza vamos nos encontrar muitas vezes no mar, afinal a Vida é Dura né Leandro!
tem mais gente!
Links das próximas partes:
PARTE 3
PARTE 4
domingo, 15 de novembro de 2015
RIME OF THE ANCIENT MARINER. PARTE 1.
Tá bom, vocês vão entender o título do post daqui alguns dias, quando eu terminar de contar a história dessa semana e escutarem a música do Iron Maiden.
Comecemos do começo, conheci o Edson pela internet, um leitor do blog, que quis conhecer a rotina de um veleiro, então resolvi convidá-lo para passar um dia no Vivre, a rota que tracei foi Ribeira-Praia do sul-Flamenguinho-Ribeira, começamos a conversar por WhatsApp para combinarmos a nossa velejada, nossas conversas on line duraram mais ou menos um mês, durante nossas conversas ele me falou que o filho dele, de 4 aninhos, era alérgico, pronto, mudou tudo, o menino passou a ser a minha maior preocupação. Muitas vezes as pessoas confundem cuidados com alergia com frescura, não, não é, alergia é um negócio complicado que só quem tem criança próxima alérgica sabe como é, eu tenho um sobrinho, na verdade é filho de uma prima de segundo grau, mas minha família é uma mistura de espanhóis com peruanos com portugueses com italianos, sim eu conheço minha árvore genealógica quase desde a raiz, por isso primo de quinquagésimo nono grau é sobrinho, que se comer um pedaço de pão que passou perto de uma faca que encostou na manteiga da um trabalho danado, os olhos incham, a pele pipoca, é um Deus nos acuda, por isso o Vivre passou por dois dias de banho com água sanitária pra tirar o mofo , uma força tarefa que fiz sozinho, não posso nem começar a falar do cardápio pois iria levar uns oito posts só pra descrever minha preocupação com a criança, pra vocês terem uma ideia quando pensei em comprar uma caixa de bombons liguei para o Edson e o bombom ficou na prateleira, mas antes que eles embarcassem aconteceu muita que vou contar.
Professores.
Hermes, achei essa foto na internet. Hermes lá atrás, Ricardo Stark do veleiro Gaipava de camisa cinza (provavelmente do Malagô) e o Cezar em primeiro plano. Tô certo gente? |
Na quinta, no horário marcado com o Hermes eu estava no Itaguá. Para nos levar até o Papo de Popa estava o Edmur do veleiro Acrux, Acrux é o nome de uma estrela que também é conhecida como estrela de Magalhães é a estrela mais brilhante do cruzeiro do sul, o Edmur é um cara divertido pra caramba ( pra não falar divertido pra caralho pois evito palavrão no blog ) que me lembra demais o melhor e maior amigo que já tive e infelizmente foi para outro plano muito antes do que eu gostaria, ele nos levou até o Acrux onde arrumei o rádio VHF e por isso ganhei um almoço, e depois até o Papo de popa, que doravante será chamado de PP, onde fiz um orçamento que não agradou nem a mim nem ao Hermes e por isso mesmo fechamos o preço do serviço, mas eu saí ganhando pois usufruí dos conhecimentos dele.
Também conheci pessoalmente o Cezar do veleiro Maluí, ex dono do Malagô, Malgô é o barco mais charmoso da costa Brasileira, o Cezar me pareceu um Cara cuca fresca que tem muitas histórias de mar pra contar, outra pessoa que quero ter na Popa do Vivre pra bater um Papo interessante. Ainda conheci o Spirit of liberty um O´day 23 lindo demais, mas que também estava com problemas elétricos. O saldo do dia foi muito positivo, nunca conheci tanta gente boa num mesmo dia, se existisse uma faculdade de vela, esses caras que apresentei seriam os professores.
Gente, peço que tenham paciência pois tenho muito mais pra contar, claro que teremos continuação!
Links das próximas partes:
PARTE 2
PARTE 3
PARTE 4
sábado, 7 de novembro de 2015
SUPERSTICIOSO? NÃO, PRECAVIDO!
Esta semana conversei com duas pessoas que pretender, como eu, mudar o nome de seus barcos. Quando eu disse que iria mudar o nome do Piano Piano para Vivre, muitas pessoas me disseram que isso não traria boa sorte, que eu teria problemas com o barco, que isso que aquilo e, coincidência ou não, o último dia em que tive algum serviço entregue dentro do prazo foi o dia em que o antigo nome do barco foi lixado do casco e desapareceu, a partir daí só atrasos, chuvas, falta de grana, parecia que o universo conspirava contra, mais por falta de grana mesmo. Então fui procurar saber como me livrar da maldição da troca de nome, porque da falta de grana eu já estava cuidando, e descobri um ritual para a troca de nome, se você é supersticioso e pretende trocar o nome do seu barco pare de ler aqui mesmo, se continuar você pode mudar de ideia.
De acordo com a lenda, Netuno tem um livro com o nome de todos os barcos que andam em sua jurisdição, o mar, não sei se os jet skis constam neste livro ou em um caderninho de anotações qualquer largado na escrivaninha do deus dos mares, fato é que quando se troca o nome da embarcação cria-se uma confusão no tal livro, e Netuno como toda pessoa organizada, quando fica em dúvida destrói o motivo da confusão, neste caso, afundando o barco que não consta no tal livro, então é necessário fazer o ritual para que Netuno risque o nome antigo do barco e escreva o novo nome evitando assim que seu barco tenha problemas burocráticos com os deuses, para isso é necessário seguir os seguintes passos:
1º - Preencher o formulário núm.... Não esse é o ritual da marinha mesmo, aconselho um bom despachante náutico.
1º - Retirar de dentro do barco tudo que tenha o antigo nome, coletes, boias, enfeites, documentos etc...
2º - O comandante da embarcação deve se fantasiar de Netuno, cuidado com essa parte, as pessoas podem achar que você enlouqueceu ou mudou de time, e de posse de uma garrafa de champanhe pronunciar em voz alta as seguintes palavras:
Nunca confunda o Aquaman com Netuno |
Ao fim destas palavras jogue um pouco da champanhe no deck e beba o resto, claro que oferecer um churrasco para os amigos também agradaria o deus dos mares.
Eu não fiz o ritual, mesmo assim, quando resolvi o problema de grana, as coisas começaram a andar novamente, por via das dúvidas não tenho nada com o antigo nome dentro do Vivre, e mantenho uma pequena imagem impressa de N. Sra dos Navegantes que já me basta.
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