segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

5 DIAS A BORDO ! 3º PARTE

Olá pessoal, hoje vou lhes contar o que ocorreu no 2º dia do nosso cruzeiro.
Bom, já falei que dormimos lá na Ribeira e na manhã seguinte (29/12/2012) iríamos até a Ilha do Mar Virado e iriamos pernoitar na enseado do Mar Virado, numa praia bem pequenina, onde só se chega a pé pela costa ou de barco, a praia do SOARES, pois bem foi exatamente isso que aconteceu, porém muita água passou em baixo do casco neste dia.

2º DIA - 29/12/2012
soltando as amarras!
Amanheceu e eu estava animadíssimo com o dia, fiz café para todos e acordei a turma toda menos o Gabriel , armei as velas, preparei o motor, conferi os último detalhes e finalmente, soltei as amarras que nos prendiam a poita! Dei partida no motor e fui motorando até sairmos da área onde os barcos ficam apoitados, quando tínhamos espaço desliguei o motor mesmo percebendo que não tinha muito vento, estávamos velejando a 1,2 1,4 nós, pouquinho eu sei, mas não tínhamos pressa nenhuma e fomos nessa batidinha até sairmos da ponta grande. Foi até por volta das 11:00h nessa velejada preguiçosa, eu tentando aproveitar ao máximo o vento, mas o barco simplesmente não passava de 1,5 nós e o mar agitado de uma forma bem esquisita, estava no limite do confortável sabe como é? Na minha cabecinha de bagre, se não tem vento, não tem onda e o mar fica calmo certo? Não! Errado, tinha pouco vento e as ondas não eram ondas eram marolonas, mas as vagas eram muito curtas, não sei se consegui explicar, só sei que foi assim! Bem, resolvemos ligar o motor e andar um pouco mais, então fomos a motor e a vela, a mestra e genoa totalmente içadas, a escota da mestra bem caçada para que a retranca não ficasse indo de um lado a outro, e de repente, do nada, me pegando completamente relaxado entra um vento de través bem forte, o barco adernou muito, do nada, minha reação foi soltar a escota da mestra imediatamente para que o barco não adernasse mais e aproei ao vento, mas o vento continuava e barco não parava de balançar, e o barulho das velas panejando violentamente me apavoraram, e então falei para os meninos, meio que aos berros:
- Vão lá baixem a genoa e depois me ajudem a baixar a mestra!!
O Willyan estava do meu lado no cockpit e saiu para ir a proa, nessa hora, bem nessa hora, o vento rondou, ou foi o barco não sei direito, como a escota da mestra estava folgada, a mestra cruzou o cockipt e foi parar na cabeça do Willyan. O menino colocou a mão na cabeça e deitou (caiu) no estofado!
- Ai pai ai pai ta doendo muito!!!
Esse cara que tomou a retrancada!
Pensei que tinha aberto um corte na cabeça do menino, mas graças a Deus nada aconteceu, só um galo de "responsa". No momento do jaibe involuntário, quando percebi que a mestra ia pegar o Willyan, por sorte eu estava com a escota da mestra na mão, deu tempo de recolher um pouco de cabo antes da retranca acertar o Willyan, caso contrário a retranca iria jogar o menino no mar com certeza, assim que isso terminou, o vento também acabou, do mesmo jeito que veio, de repente!

Vamos lá, imediatamente após o ocorrido fiz um MEA CULPA e analisei:
1º Será certo ir de vela e motor?
2º Quando o vento entrou, eu me apavorei, e o apavoramento foi meu pior inimigo, era só velejar, mais nada, o barco não ia virar e eu sabia disso!
3º Eu devia ter previsto isto e treinado com os meninos a rizar a vela.
4º Eu deveria ter sido mais chato com os meninos em relação aos cuidados com a retranca! (não estou tirando minha culpa, nem dizendo que a culpa foi do menino, foi minha!)
5º Se aquela retrancada pega no nariz do menino, iria fazer um estrago bem maior!!!
6º Eu não desliguei o motor durante o episódio, deveria te-lo feito.
Fiquei muito mau, até um pouco deprimido, falei para a esposa, acho que não é pra mim não, tenho que rever esse lance de velejar! a resposta foi:
- Não vamos para de velejar nunca mais, aprenda com esse acidente e não deixe acontecer novamente, mas parar de velejar de jeito nenhum! Não foi tão grave assim!
Bem, o "não foi tão grave" que ela disse foi em relação a pancada na cabeça do tripulante, mas pra mim o vacilo foi meio que uma derrota, esse erro da retranca acertar alguém é clássico e eu achava que não poderia acontecer comigo, o acidente deu uma esmagada no meu ego.
O menino já estava recuperado do susto, o vento passou e terminamos o percurso a motor, ancoramos na praia do SOARES e almoçamos.

Os meninos foram nadar depois do almoço e nós recebemos a visita de um casal de Suzano, que tem uma casa lá na praia do Soares, eles estavam passeando de caiaque e pararam para conversar, a senhora ficou maravilhada com o fato de estarmos dormindo todos no barco, e se interessaram bastante pela vela, quem sabe em breve teremos mais um casal de velejadores por ai.
A certa hora da tarde, o Wallace estava no barco e o Willyan nadando por perto do barco, acho que a uns 20 metros, foi quando percebi o pessoal da praia fazendo gestos sem parar com os braços, gritando e assoviando, não entedia o que queriam, mais sabia que queriam nos avisar algo, foi quando o Wallace falou:
- Pai, tem três golfinhos atrás do Willyan!
Foto tirada pouco antes dos golfinhos passarem!
Apesar da fama de bichinhos bonzinhos, inteligentes e tal, morri de medo deles atacarem o Willyan, afinal de contas são animais selvagens, lindos com certeza mas ainda assim selvagens e passaram a menos de 5 mts dele, chamei o moleque:
-Willyan, vem pra cá, tem golfinhos atrás de você!
Amigos, nunca vi NINGUÉM nadar tão rápido quanto o Willyan, acho que ele bateu o recorde de velocidade no mar, e subiu no barco praticamente sem colocar o pé na escadinha!
Felizmente os golfinhos passaram sem nem notar o Willyan, que hoje estava sendo o protagonista de todas as aventuras radicais! Logo estavam todos na água de novo!

Bem, chegou o início da noite e todos fomos tomar banho no cockpit, baldes de água salgada, sabonete, shampoo e exangue com água doce, nossa média de consumo era de 25 litros de água doce por dia, fora os 20 litros de água por dia que bebemos! Lembrei dos amigos do caiaque, que nos ofereceram a sua casa para pegar água, amanhã iria lá para abastecer!
Jantamos e ficamos batendo papo no barco até de madrugada, tipo 10 da noite, isso é madrugada no piano piano!

Acordamos eu e a Lena com um assovio muito alto e o barco balançando muito, por volta da 1:30h da madrugada, era um forte vento que entrou na pequena baía, e junto trouxe uma chuva bem forte, e fria, de repente o barco adernou, eu pensei:
-Como assim, esse barco adernando?? estamos ancorados!
IMAGEM RETIRADA DE http://www.stockvault.net
Abri a gaiuta principal e vi a genoa desfraldada, quase que aberta inteiramente, no episódio da retrancada, abaixei as velas e amarrei a mestra, mas agenoa ficou no convés sem amarrar, acordei o Wallace que estava mais próximo e o coitadinho sem entender nada foi à proa comigo para recolhermos a genoa e amarra-la, fico impressionado com a destreza desse menino, ele tem só 12 anos mas é um curisco, não questiona nenhuma ordem e mesmo sem entender o que acontecia estava lá na proa do barco enfrentando chuva e um vento alucinante comigo, aqui ocorreu outro erro meu, era noite, ventava muito, muito mesmo e tanto eu quanto o Wallace estávamos sem colete, não vai acontecer mais tenham certeza, fizemos muita força para recolher a genoa que acabou descendo na água.  Assim que recolhemos a genoa percebi que o barco estava garrando visivelmente e chegando perigosamente perto de um dos criadores de peixe da pequena praia, liguei o motor enquanto o Wallace totalmente perdido recolhia a âncora, resumo da opera, passei umas 2 horas na chuva  vigiando o barco que não parou de garrar até a tempestade passar!
-Pai, o que aconteceu? Perguntou o Wallace!
-Cara, esqueci de amarrar a genoa e o vento a levantou... desculpa ai!
-Posso ir dormir agora?
De novo fico a pensar, diante disso tudo ele simplesmente não ficou com medo, fico emocionado cada vez que penso na confiança que minha família tem em mim,  isso é uma honra, acho que faço um bom trabalho como pai de família, já como comandante estou certo que deixo a desejar, mas estou melhorando a cada velejada, afinal estou aprendendo ainda não é!?! Talvez eu devesse ter começado por um HC
Depois que tudo passou pensei: Vou ter que comprar um enrolador de genoa!!!!!!!

É isso ai gente, escrevo e exponho meus erros sem vergonha nenhuma pois dividir experiências faz parte da vida e como dizia o sábio, o que se escreve não se esquece, neste dia tirei muitas lições que não serão mais esquecidas!!!!!

Aqui tem um sumário dos posts que relatam nossa aventura:
5 dias a bordo! parte 1
5 dias a bordo! parte 2
5 dias a bordo! parte 4

13 comentários :

  1. Vizinho, depois de ler esse seu posto, a única certeza que tenho é que Deus protege não apenas os loucos e os bêbados, mas também os velejadores ansiosos e apressados!!!! Não desista, por favor, vc tem tudo para ser um grande velejador. Só falta uma coisa: paciência, mas disso o tempo cuida!

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    1. Juca, ainda estou digerindo essa situação, tenho que mandar fazer um jogo de velas descente para o barco pois só tenho essa vela de proa, ou, sei lá, comprar um enrolador, pois acho que seria mais fácil de recolher as velas numa situação dessas! não sei! Ei guarda uma apostila daquela para mim!!!

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  2. Walnei, falando sério agora. O problema não é o barco, é vc. Vc não tem co controle da situação, nem o domínio do barco e para ajudar se apavora muito fácil - e é lógico, pois tudo de mais precioso na sua vida está dentro do barco! Quando o ventão entrou, era só vc ter colocado o motor em ponto morto e seguir navegando num través. Veleiros são feitos para andar no vento, meu! Ai vc ia orçando e se precisasse, baixava apenas a mestra (ou apenas a genoa), mas não todo o pano. Aproar deixou a mestra boba e isso poderia ter gerado um acidente bem mais grave. Além disso, vc devia estar velejando de buja, pois não domina o barco no ventão. Outra coisa, não basta estar de colete meu amigo (ainda mais aqueles laranjas, que mais atrapalham do que ajudam)... vc tem que pensar em um jeito de ninguém cair na água. Não pense que é fácil resgatar alguém na água - não é. Eu já te disse antes, respire fundo e treine com menos ansiedade. Ai, ai, ai! Eu acho que o Wallace deveria ser o capitão! Mais de uma vez ele demonstrou mais controle da situação do que vc! Que garoto! Parabéns!

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    1. Treinar, treinar, treinar, treinar, tenho realmente que fazer isso!

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  3. Olá Walnei,

    legal que todos se safaram bem com poucos prejuízos físicos.
    Uma das primeiras reações que temos quando o vento aumenta é dar mais escota, enquanto na verdade, o mais efetivo é andar e entrar na orça. Eu sei que é instintivo e que parece mais seguro, mas faz o barco oscilar mais. entrando na orça vc tem tempo para refletir e decidir o que fazer com as velas.
    Outra dica dos mais velhos é sempre sair com menos pano que o necessáriopara o momento, lembre-se não é regata, então da para vc sair com pouco pano e depois ir ajustanto. mas se fazendo tudo correto vc for pego de surpresa com um ventão, aí entra na orça e prepara sua tripulação para rizar a grande ou baixá-la por completo e velejar só na buja ou genoa.
    E o motor??? Não engrenado ele não te atrapalha, gasta gasolina, mas está pronto para te ajudar em alguma manobra. Então deixá-lo ligado tem seus pontos favoráveis nos momentos de instabilidade ou mudanças.

    Siga o conselho de sua esposa e não pare de velejar!

    Abs
    Paulo Ribeiro

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    1. Não vou desistir não, pelo menos por enquanto, vou tentar mais algumas vezes...

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  4. Walnei, parar porque? aperto uma hora ou outra a gente passa! Estou contado as horas para colocar o K-ito na agua novamente (depois do carnaval). Ontem mesmo estava olhando um enrolador de genoa, sempre velejo com passageiros sem experiencia (não tenho tripulação). Por isso, acho importante ter meios de fazer tudo sozinho.

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    1. É Ruyter, vivendo e aprendendo!!!! Quanto ao enrolador, estou me espremendo para comprar um bom equipamento!!

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    2. Walnei, se vc for comprar mesmo um enrolador, compre um ALADO. Cabe no seu bolso e é super confiável. Para um 23 não custa nem 2 mil, contra 7 mil da Nautos. O Malago usa um ALADO.

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  5. São muitas emoções!! Nénão Walnei?? Bem mais emocionante do que assistir o Faustão!! Meu 'pitaco' é o seguinte: embora a presença da família seja bem legal, eles também são um fator de preocupação, além daquelas advindas do barco, do tempo, da correnteza,do motor,do encalhe, etc... Acho que deveria treinar, sair com o barco, se possível com algum amigo, que conhecesse um pouco dessa arte que é velejar. Seguramente, iria ganhar confiança. E sempre um passo depois do outro e não aos 'pulos'. Como o Juca diz: 'ir só até ali e voltar...' Só então, pensa em levar os filhos maiores e depois a família toda. E não acho que a culpa seja da falta do enrolador.É um conforto sem dúvida. Eu não tenho e me viro bem. Até porque a genoa não iria enrolar se estivesse cheia com o ventão que você descreveu. O mundo não acaba amanhã!! Continue a velejar que é muito gratificante.
    abraço!!

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    1. É Ricardo, já estou combinando uma brincadeira dessa com o Juca, acho que vou assistir umas aulas lá no Malagô, depois quem sabe teremos um treinamento no piano piano! Vamos ver!! Mas que o negócio faz a adrenalina jorrar ahhh isso faz!!!

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    2. Quem sabe????????????? MEu amigo, vou arrancar seu couro!!!! kkkkk

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    3. Se o calo apertar eu volto nadando!!!eheheh

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