Janeiro de 2015, a criançada toda de férias, o Vivre só esperava a família chegar para ele poder navegar, finalmente o barco seria libertado de sua prisão, depois de quase um ano confinado no seu pequeno espaço de giro, ele iria finalmente ganhar o mar, iria cumprir a sua sina, cumprir seu papel que é navegar! E navegou, navegou deliciosa e maravilhosamente bem! Porém, antes de zarpar, algumas "coisinhas" aconteceram, e para contar nossa história para vocês, terei de começar do começo!
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O Vivre na ilha anchieta! |
CARRO LOTADO!
Desde de março de 2014 que o Vivre não sai da poita e o motor de popa dele estava em casa pois fiz uma revisão no Mercury 8hp e no Tohatsu 3.5, e como o veleiro não estava navegando fui deixando os motores revisados aqui em casa mesmo, ai surgiu o primeiro problema das férias, como levar todo mundo mais bagagem para 7 dias + 2 motores de popa em um gol de 5 lugares, essa é uma conta que não fecha, a solução foi dividir, meu irmão estava descendo para Caraguatatuba no mesmo dia que nós estávamos indo para Ubatuba, peguei um pedaço(ão) do porta-malas dele e coloquei os dois motores lá e de quebra ele ainda levou o Willyan, assim meu carro e o dele desceram lotados, cada um por um lado, eu pela Oswaldo Cruz ele pela Rodovia do Tamoios. A ideia era deixar a turma no Saco da Ribeira ir ate Caraguá pegar o Willyan e os motores, eu só me esqueci do transito lá em baixo, levei 3 horas para chegar em Caraguá e mais umas 2 horas para voltar até a Ribeira, cheguei por volta das 20:30h e junto comigo chegou uma chuva com relâmpagos, trovões e um mar bem chatinho pra ir de bote até o Vivre!
PACIÊNCIA, MEMÓRIA CURTA E GENTILEZA!
Na minha situação atual, se eu pagar a Aumar tenho que vender o Vivre, e também não acho válido pagar R$ 350,00/mês (R$ 4.200,00/ano) só pra usar o taxiboat algumas vezes no ano, bem, voltemos a nossa história.
Já estava noite e a chuva só aumentava, e o vento só aumentava, e o mar só aumentava, de repente o telefone celular toca, era o Juca Andrade que encontrou com a Lena durante o dia, e a ela o chamou de Ricardo numa dessas gafes que não tem como concertar.
- Como está ai Walnei, precisa de ajuda?
- Juca vou esperar mais uma meia hora e se o tempo não melhorar, vou para uma pousada com todo mundo! - Se eu fosse para uma pousada teríamos que voltar para casa antes do previsto, como eu disse, minha conta bancária tem lá suas prioridades!
- Ok! Se precisar me liga, estou a disposição! Disse o Juca.
Deu meia hora, deu uma hora, deu uma hora e meia e nada do tempo melhorar, a chuva até tinha diminuído, mas o vento ainda uivava sobre os mastros dos veleiros nas poitas, e então chamei o Juca:
- Juca a chuva passou, mas o mar esta meio grosso para ficar zanznado de bote, pensei em fazer uma ponte, pedir para Aumar nos levar até o Malago (o Juca é associado da Aumar) e do seu barco eu vou pro meu! O Malagô e Vivre são vizinhos de poita, iria ser fácil!
Aqui eu gostaria de abrir um parenteses, não pensem que tomar esta atitude me agradou, não gosto de ficar com o rabo preso e usar a Aumar me deixou em um dilema moral daqueles, sei que não é certo, mas na hora me pareceu a única solução, e a situação estava brava, o Arthur dormindo no colo da Lena, o Gabriel dormindo no carro, eu e os maiores sentados lá no balcão do PEIA (Parque Estadual da Ilha Anchieta), ou seria a carona no jeitinho, ou voltaríamos para a casa já que não achei nenhuma pousada com vaga, e olha que eu procurei na internet, telefonei para umas 5 ou 6 e as que tinham vaga queriam meus rins por uma noite.
- Walnei, vou acionar a Aumar pelo rádio e vocês vêm pra cá então!
Deu meia hora, deu uma hora, deu uma hora e meia e nada da Aumar chegar, o Juca me telefonou de novo, disse que chamou o marinheiro da Aumar, mas o cara alegou que tinha ido buscar uma turma em um veleiro, mas pela demora daria para pegar a tribulação lá no Gaipava, que fica no Itaguá, e trazer para a Ribeira, foi nessa hora que percebi que tudo tinha mudado, a chuva tinha se transformado em uma garoinha, o vento em uma gostosa brisa e o mar que a pouco era bravo agora estava calmo!
- Juca, deixa o marinheiro dormir, já dá para ir de bote!
E assim não cometi o pecado do jeitinho brasileiro, se bem que o que vale é a intensão né? Mas já decidi, nunca mais penso em fazer ponte com os barcos da Aumar, afinal esse é único produto que tem valor para os associados e se for para usar tem que pagar!
- Walnei, se precisar me chama pelo VHF!
Mal sabia ele que eu não estava com meu VHF!
Uma das coisas que me encanta no mar são as pessoas, a solidariedade, a camaradagem, a disponibilidade são muito maiores e desinteressadas do que na cidade, o Juca doou um bom tempo dele para minha família, ficava monitorando a situação preocupado com ela, tentando junto comigo encontrar uma solução para aquele momento! Valeu Juca!
Por fim embarcamos no Vivre exatamente a 0:30h!
Dizem que velejador tem memória curta e é verdade, nem bem embarcamos e a situação que meia hora atrás parecia sem solução já tinha sido esquecida, ninguém lembrava pelo que tínhamos passado, já tinha virado história para o blog, o problema agora era uma febre de 39º que apareceu no Gabriel, mas isso fica para o próximo post!
Continua...
LINKS RELACINADOS:
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