quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Até 2017




A tripulação do Veleiro Vivre, deseja a todos os amigos boas festas.

Hoje encerramos as atividades do blog para descansar um pouco, em fevereiro de 2017 estaremos de volta com muito conteúdo se Deus assim permitir.

Gostaria de agradecer o carinho, a parceria e as visitas de todos os tripulantes do blog.

Bons ventos a todos!

sábado, 29 de outubro de 2016

AVISOS AOS NAVEGANTES


"
Os "Avisos aos Navegantes" são publicações periódicas, editadas sob a forma de folhetos, com o propósito principal de fornecer aos navegantes e usuários em geral, informações destinadas à atualização de cartas e publicações náuticas brasileiras, consoante o preconizado na Regra 9 do Capítulo V da Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS/74).
"
Trecho retirado do site da Marinha do Brasil.
Assim a marinha define os avisos aos navegantes.
Todos os navegantes devem estar atentos aos avisos, todos os avisos já emitidos desde 2002 até hoje, podem ser visualizados e "baixados" em formato PDF através do endereço:


São 3 os folhetos de avisos aos navegantes, são eles:

E ainda temos mais 2 publicações relacionadas:

Os avisos aos navegantes podem parecer confusos em uma primeira olhada, nada que um pouco de estudo não resolva.
É fundamental um bom conhecimento dos avisos aos navegantes, principalmente para manter suas cartas náuticas atualizadas.
Suponhamos que na sua região ocorreu um naufrágio e a embarcação que foi a pique oferece risco a navegação, esse acontecimento com certeza vai constar no próximo aviso aos navegantes e indicar a localização exata do perigo para que você faça a marcação do perigo na sua carta náutica.

Achei interessante entrar neste assunto antes de iniciarmos um estudo detalhado sobre interpretação, manutenção e atualização de cartas náuticas.

Até o próximo post.


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A TÁBUA DAS MARÉS.

Cheguei no Itaguá por volta das 21h, foi uma ótima velejada noturna e solo, talvez uma das melhores velejadas que eu já fiz, velejar de noite é inspirador. Joguei o ferro bem em frente ao molhe que existe naquele "portinho". Fiz uma massa com frutos do mar (spaghetti com sardinha), abri um vinho, jantei e dormi, ta bom antes de dormir tomei mais uma garrafa de vinho. Acordei bem cedinho e me preparei para sair, ajeitei tudo no barco e dei a partida no motor, a tripulação de uma escuna que fica fundeada lá estava toda concentrada a bombordo, estranhei, parecia que estavam me observando, quando engatei a marcha do pequeno motor de popa e acelerei descobri que eu estava encalhado, agora entendia qual era a atração que os tripulantes da escuna estavam assistindo, não perdi a pose, desliguei o motor entrei pra dentro da cabine e saí de lá com um café bem quente e esperei a maré subir pra poder sair.

Meu erro foi somente um, não ter consultado a tábua das marés, se tivesse feito isso com certeza teria percebido que naquele dia a baixa-mar estava muito abaixo da média do resto do ano e teria ancorado em local mais profundo, nada muito grave mas eu poderia ter evitado, aprendi que consultar a tábua das marés é fácil fácil e pode nos livrar de várias encrencas.

A tábua das marés pode ser consultada no seguinte endereço:
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-previsao-mare/tabuas/

Basta acessar o endereço acima e selecionar o porto mais próximo do local que você deseja observar a maré, no meu caso é o PORTO DE SÃO SEBASTIÃO, depois selecionar o mês e o ano que deseja consultar, feito isso clique no botão EXIBE e você terá a seguinte tela:

Agora vou explicar como eu interpreto esses dados
a Página exibe um cabeçalho com o NOME DO PORTO selecionado, logo abaixo, na segunda linha, temos a LONGITUDE e LATITUDE do porto selecionado além do campo FUSO que indica o fuso horário do porto em relação ao Meridiano de Greenwich, neste caso é +03.0 e finalizando a segunda linha temos o ano que esta sendo consultado.

Na terceira linha do cabeçalho temos o campo INSTITUIÇÃO que indica a instituição que forneceu as informações, isso não é muito importante pra mim, mas segue a lista de instituições que podem aparecer neste campo:

PORTOBRÁSex-DNPVN - extinta Empresa de Portos Brasileiros
IAGS - Inter-American Geodetic Survey
CV - Companhia Vale
USCGS - United States Coast and Geodetic Survey
MBR - Minerações Brasileiras Reunidas
Consórcio Alumar
APPA - Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina
DHESP - Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo
INPH - Instituto de Pesquisas Hidroviárias
IBGE  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
PETROBRÁS - Petróleo Brasileiro S.A.
IEAPM – Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira
DHN - Diretoria de Hidrografia e Navegação
CHM - Centro de Hidrografia da Marinha


Ainda na terceira linha temos uma informação que pra mim nunca foi útil, mas deve ser pra alguém senão não estaria lá, esta informação é o número de componentes, no nosso caso 24 Componentes, este numero indica o número de componentes harmônicas observadas para gerar os números de cada previsão, componente harmônica é a observação da maré em um ciclo, estes ciclos são váriados e levam em consideração elementos como a fase da lua, época do ano entre outros fatores astronômicos já que a maré é influenciada quase que em sua totalidade por eles, um estudo mais aprofundado sobre componentes harmônicas pode ser visto aqui.
O campo CARTA indica qual a carta náutica que contém o porto selecionado.

Na maioria das vezes você não vai dar muita atenção para esse cabeçalho e vai direto para a tabela de marés, então vamos lá. Na tabela temos vários campos, Lua - Dia - Hora - Alt(m).

Lua: Simples né? Indica a fase da lua no dia em questão.
Dia: Indica o dia em que ocorreu ou ocorrerá a maré prevista.
Hora: Indica a Hora em que ocorrerá a maré, aqui cabe uma explicação, as horas que aparecem nesta tabela não são aleatórias, elas são escolhidas pela preamar e baixa-mar do dia, a preamar é a maré mais alta daquele ciclo e a baixa-mar, obviamente é a maré mais baixa. Quando a maré atinge a preamar ela começa a vazar e vai diminuindo até atingir a baixa-mar, então começa a encher até atingir a preamar novamente e o ciclo se repete, um dia pode ter vários ciclos destes, mas o comum é algo entre 2 e 3 ciclos.
Alt(m).: É a altura da maré, números positivos indicam a quantidade de metros que a maré vai estar mais alta do que a profundidade indicada na sua carta náutica e números negativos indicam que a maré vai estar mais baixa do que o a profundidade indicada na carta náutica.

Então vamos lá, você levou seu veleiro com sucesso até aquela ilha maravilhosa e quer saber se pode dormir em determinado ponto dela, simples localize o ponto na carta náutica e escolha a menor profundidade (se você ainda não sabe ler as cartas náuticas, em breve teremos um post sobre isso) marcada no espaço de giro do seu barco, digamos que é de 3.0 metros, corre lá na tábua das mares e os números apresentados para o dia  digamos que uma das "baixa-mar" (como é o plural disso gente, alguém ai sabe?) é de -1.9 as 03:45, isso significa que o local terá uma profundidade de 1.1m naquele horário, se seu veleiro tem um calado maior do que isso é melhor arrumar outro local pra dormir.

Parece difícil mas a pratica facilita bastante, faça uns testes com sua carta náutica e você entende tudo direitinho de primeira.

ATENÇÃO: A tábua das marés da marinha não usa horário de verão, por isso cuidado, se a região que você se encontra estiver no horário de verão adicione uma hora ao horário indicado na tabela.





sexta-feira, 14 de outubro de 2016

PUBLICAÇÕES DA MARINHA, SEMPRE UM BOM COMEÇO.




Desde que comecei a navegar todo mundo me falava que para navegar com segurança só mesmo conversando com pessoas mais experientes da região, isso é verdade em partes, é sempre bom conversar com velejadores mais experientes e na maioria das vezes eles ficam muito orgulhosos quando percebem que tem alguém para demonstrar  seus conhecimentos náuticos, mas apesar de gostar de conversar e achar muito importante um bom bate-papo sobre a região que se pretende navegar, temos um substituto de fortuna no caso de você não ser uma pessoa muito sociável ou estiver numa de ermitão marinho, este substituto é um conjunto de publicações que a Marinha desenvolveu com maestria, uma documentação muito boa e extensa sobre nossas águas, a partir de hoje vou escrever alguns posts sobre as publicações da Marinha.

As publicações da Marinha trazem para os marinheiros amadores e profissionais detalhes preciosos da navegação em nossas águas. São várias as publicações, por isso vamos começar do início:

Catálogo de Cartas e Publicações 2016 - 2020
Quando comecei a velejar, sabia que tinha que ter as cartas náuticas da minha região no barco, mas não sabia quais eram essas cartas, depois de muita conversa fui me informado das cartas que abrangem Ubatuba, Caraguatatuba e Ilhabela, quando aprendi a velejar um pouquinho melhor, já tive a ideia de dar um pulinho alí em Paraty, quem sabe Ilha Grande, mas quais cartas eu deveria usar? Toca alugar e especular os amigos velejadores mais experientes, todos sabiam de cor e salteado os números das cartas, eu realmente invejava aqueles caras, como pode um ser humano conseguir tais informações? Me parecia algo realmente secreto e que somente os mestres das águas e dos ventos tinham acesso, até que descobri o Catálogo de Cartas e Publicações da marinha, finalmente tinha encontrado o caminha das pedras, tinha acabado de conquistar minha independência em relação ao assunto cartas náuticas.

Para quem quer navegar por águas nacionais esta é a primeira publicação para ler. Ainda não entendeu o que o Catálogo de Cartas e Publicações? Então ai vai a explicação retirada do próprio documento:

"O Catálogo de Cartas e Publicações tem o propósito de apresentar ao navegante todas as cartas náuticas, publicações e impressos em geral editados pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN).

Organização – O Catálogo de Cartas e Publicações está dividido em três partes.

A Parte 1 contém a relação de todas as cartas publicadas pela DHN com a informação dos índices do Catálogo em que estão representadas e seus níveis de preços. Em comparação com a edição anterior, foi criado o título “Cartas Marítimas” que agrupa as relações até então existentes nos títulos “Cartas Costeiras”, “Cartas Internacionais”, “Cartas da Antártica” e “Cartas da Costa Ocidental da África”. O título da relação “Cartas Fluviais” foi alterado para “Cartas Fluviais e Lacustres”, sendo inseridas nesta relação, todas as cartas de lagos e lagoas. Por não serem produtos disponíveis aos usuários, a relação intitulada “Folhas de Plotagem da Carta Batimétrica Geral dos Oceanos (GEBCO)” foi cancelada.

A Parte 2 apresenta os 20 índices em que as cartas são distribuídas. Cada índice contém uma relação detalhada das cartas do trecho representado, com seu número, sua escala, ano da 1ª edição e ano da última edição. Apresenta ainda, para cada índice, um cartograma com as posições relativas das cartas. Foram incluídas nesta parte, as cartas do II Plano Cartográfi co Náutico Brasileiro já publicadas. Os antigos Índices 20 (Cartas Internacionais), 22 (Antártica), 23 (Do Rio de Janeiro à Península Antártica) e 24 (Costa Ocidental da África) foram agregados em um único índice, intitulado “Cartas do Atlântico Sul e Antártica”, que tem por objetivo permitir aos usuários a visualização conjunta de todas as cartas marítimas de interesse à navegação fora das Águas Jurisdicionais Brasileiras – AJB, em um único índice.

A Parte 3 relaciona todas as publicações e impressos editados pela DHN, de interesse exclusivo para a navegação com a informação do número, título, nível (relacionado ao preço) e o ano de sua edição."

O Catálogo de Cartas e Publicações não é um compilado com todas as cartas náuticas dentro, é um documento que lista as cartas e detalha a abrangência e escala de cada uma, além disso oferece correções e uma lista completa das publicações da Marinha, é um guia de consulta rápida que vai elevar em muito seu conhecimento náutico.

O Catálogo pode ser adquirido gratuitamente em formato PDF no seguinte endereço:
https://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-publicacoes/publicacoes/catalogo/Catalogo-completo.pdf



segunda-feira, 10 de outubro de 2016

AVISOS DE MAU TEMPO, VOCÊ SABE COMO INTERPRETAR?

Amigos, desde que eu fiz o gajeiro que estou para escrever um post sobre AVISOS DE MAU TEMPO, interpretar corretamente os avisos da marinha é essencial para a salvaguarda da vida humana no mar.

Como sempre ai vai o alerta anti-bobagem: Minhas explicações são resultado das minhas experiências pessoais, portanto, se eu estiver enganado podem me corrigir nos comentários que terei o maior prazer em arrumar as informações deste post.


Abaixo temos um típico aviso de mau tempo da marinha:


AVISO NR 1445/2016
AVISO DE MAR GROSSO/MUITO GROSSO
EMITIDO ÀS 1330 HMG - SÁB - 08/OUT/2016
ÁREA ALFA A LESTE DE 050W. ONDAS DE SW/S 3.0/5.0 METROS.
VÁLIDO ATÉ 101200 HMG.
ESTE AVISO SUBSTITUI O AVISO NR 1438/2016. 


A primeira linha informa o número do aviso/ano, a cada ano os número de aviso são zerados, portanto, o primeiro aviso do ano que vem sera 01/2017, essa foi fácil né?

A segunda linha diz respeito ao tipo de "problema" que o marinheiro vai encontrar caso ignore o aviso, no caso deste aviso é de mar grosso/muito grosso, mas os avisos podem ser de vento, ressaca, neblina etc...

Na terceira linha a coisa começa a ficar boa, esta linha contém o horário que a marinha emitiu o aviso, no caso deste aviso foi no sábado dia 08/Out/2016 as 13h30min, mas...
... se você acessasse o site da marinha as 12h do mesmo dia o aviso já estaria lá, ai eu pergunto como a marinha fala que emitiu o aviso as 13h30min se ao meio dia o aviso já esta lá, e eu respondo, por que neste caso a marinha usou o Horário do Meridiano de Greewich por isso o HMG após a hora, o fuso horário entre Brasil e o Meridiano de Greenwich é de +3h (mais três horas), portanto o aviso foi emitido no dia 08/Out/2016 as 10:30 no horário de Brasília.

A Quarta linha define a área em que o evento vai ocorrer e as vezes uma limitação desta área, no caso do aviso o evento poderá ocorrer a leste da coordenada indicada que é 50w, logo após a definição da área do evento vem a descrição do evento em si, no aviso em questão teremos ondas vindas de SW (sudoeste) com altura estimada entre 3 e 5 metros de altura.

A Quinta linha fala sobre a validade do aviso, ou seja até quando este evento vai durar, o formato desta data é ddhhmm, ou seja dois dígitos para dia, dois dígitos para hora e dois dígitos para os minutos, assim esse evento deve ter terminado no dia 10 de Outubro as 12h00m, lembrando que este horário é o horário do Meridiano de Greenwich, se formos trazer este horário para o horário de Brasília teríamos dia 10 de Outubro as 09h00m.
Perceba que o formato da data de validade não aponta um mês nem um ano, portanto ela se refere ao próximo dia 10 a contar da data de emissão do aviso. Entenderam ou eu compliquei demais essa parte?

A Sexta linha do aviso deixa explícito que este aviso substitui outro aviso emitido para o mesmo período, além de informar que o aviso é um substituto existem avisos que informam cancelamento de eventos, neste caso a marinha deixa muito claro que aviso esta sendo cancelado.

Para facilitar o acompanhamento dos avisos a marinha dividiu a nossa costa em várias áreas conforme mapa abaixo:



Há três formas seguras de acompanhar os avisos de mau tempo da marinha, pelo site oficial da marinha:
https://www.mar.mil.br/dhn/chm/meteo/prev/avisos/avisos.htm

Para quem está localizado nas áreas bravo e charlie temos a página do facebook que foi idealizada pelo Juca Andrade da escola de vela Cusco Baldoso e é alimentada pelo Gajeiro:
https://www.facebook.com/mautempocb/

Para quem usa android tem o aplicativo Gajeiro que avisa em tempo real sobre os avisos emitidos pela marinha, nele é possível selecionar as áreas que deseja receber os avisos:
https://play.google.com/store/apps/details?id=cplotter.com.br.gajeiro&hl=pt_BR

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

RELATO DE UMA DESVENTURA NO MAR.

Participo de um grupo fechado de whatsapp de velejadores de Ubatuba, a função do grupo é compartilhar experiências, contar umas piadas e se sentir mais próximo do mar virtualmente, e neste ano um fato mexeu muito com o grupo, um dos integrantes capotou o seu veleiro, após o acidente ele escreveu um belíssimo texto contando sobre o ocorrido, depois de muita negociação ele permitiu que eu publicasse o texto aqui, claro que para proteger o comandante e o barco os nomes foram trocados ou omitidos.

Não costumo fazer censura aos comentários, mas neste caso em particular os comentários serão filtrados e se necessário excluídos.

Não quero aqui fazer apologia a irresponsabilidade e gostaria de deixar claro que uma situação dessa só ocorre por graves erros e desrespeito total aos fundamentos da navegação sendo muito raras e pontuais, o comandante do barco na ocasião ignorou os vários avisos de mau tempo emitidos pela marinha e o conselho de outros velejadores.

Aos que estão começando e descobrindo o munda da vela, procurem sempre os comandantes e instrutores de vela que sejam responsáveis e comprovadamente bons, velejar é mais seguro do que passar a vida em frente a televisão se você segue as regras e normas de segurança da navegação, evitem as lendas e lobos do mar, lenda não existe e lugar de lobo não é no mar.

Também gostaria de deixar claro que não fui eu quem capotou o barco, eu nem sequer estava lá e o barco não foi o Vivre, como eu disse anteriormente essa experiência foi vivida por um amigo cujo nome prefiro preservar.




"
RELATO DE UMA DESVENTURA NO MAR
Resolvi escrever estas linhas, para tentar transcrever em detalhes o ocorrido com o Veleiro
NOME ATUAL (não colocarei os nomes reais neste post) ou NOVO NOME, nome que daria quando passasse o mesmo para o meu nome.
O significado do NOVO NOME os senhores não irão encontrar no dicionário da língua portuguesa, no dicionário argentino encontrarão que o NOVO NOME é uma gíria para Tolo, o que talvez se encaixe bem agora... Mas o verdadeiro significado do NOVO NOME em meu dicionário da vida, é que foram as primeiras palavras de meu único filho, quando ainda aprendia a falar, quando o mesmo queria nos dizer "Eu te amo".

E como não se apaixonar pelo mar? Com suas águas ricas em vida, diversidade, paz, e poder. O
que mais me chamou a atenção no mar quando criança era o som das ondas arrebentando nas
pedras, um som grave e profundo, e mais velho ouvi o mesmo som em minha visita às
cataratas do Iguaçu, eu acreditava que se Deus falasse conosco seria com uma voz poderosa
como aquela, seria para mim, literalmente a voz de Deus.

Meu carinho com os veleiros começou quando conheci uma pessoa apaixonada por vela, um
cliente, que seria presenteado com uma caricatura junto ao seu veleiro, a paixão em suas
palavras foi algo tão contagiante, algo muito bom para ser vivido em meio a esta selva de
pedras poluídas que vivemos, era um refúgio perfeito, era um lugar perfeito para ver meu filho
crescer com saúde, após tantas alergias que ele tem desde que nasceu. Comecei a pesquisar
sobre este mundo desconhecido para mim, eu nunca havia entrado em um veleiro antes, até
conhecer o Blog do meu amigo Walnei em pesquisas no Google. Marcamos uma velejada em
Ubatuba, e passamos um dia mágico, com mar calmo, vento fraco na ida, um pouco melhor na volta, aquários naturais na PRAIA DO SUL  da Ilha Anchieta.

Meu gosto pela vela só crescia, meu filho adorou brincar no veleiro, ele ama praia. Aliado a
uma atitude sustentável (diferente de uma lancha) e tanta energia em cima de algo tão
prazeroso me trouxe a oportunidade de comprar meu próprio barco, mesmo com todas as
péssimas recomendações de minha esposa, que morre de medo do mar, eu a contrariei e
financiei a compra do barco. Uma barganha, segundo alguns entendidos no assunto, um
23 pés em bom estado, razoavelmente equipado, uma pinturinha e estaria zero Km. Mas eu não fecharia o negócio sem saber como traria o mesmo para Ubatuba, pesquisei transportadoras e pedi indicações, e o nome de um velho lobo do mar
apareceu, um capitão experiente com mais de 30 anos de vela, travessias transoceânicas, filho
de um conhecido construtor de veleiros, uma lenda. Que talvez, por sua enorme experiência perdeu algo vital à sobrevivência humana, o medo.

Embarcamos as 11h00, saindo do Iate Clube em que o veleiro se encontrava, na Ilha do
Governador-RJ, com rumo à Ubatuba, com previsão de ressaca emitido pela Marinha com ondas de 2,5 metros, um erro para muitos dos senhores, mas estar com uma lenda me trouxe confiança e poder viver uma aventura intensa seria para poucos e eu quis fazer parte disso.
Mas este desejo durou pouco, pois comecei a marear já próximo à saída da Baia de Guanabara,
fui persistente, tomei remédio e estava me aguentando, eu tinha que resistir a isso, mas o
capitão percebeu, e disse que se eu estava enjoando com aquele balanço, no mar alto o
balanço seria muito mais intenso e não seria uma boa continuarmos. Meu capitão encarou
aquilo numa boa, aparentemente, até fez um macarrãozinho para mim para ver se tendo algo
no estômago meu corpo reagiria melhor, mas não adiantou, e dei o braço a torcer, minha
aventura acabaria ali, e eu teria que me acostumar navegando apenas em águas calmas e
protegidas até um dia me aventurar em uma travessia destas. Fora minha primeira lição, saber
a hora de jogar a toalha e não ter vergonha de ser fraco, já tinha me decidido, ele iria fazer a
travessia sozinho ou com outro marinheiro mais experiente em uma janela mais adequada.
Perfeito, a melhor decisão havia sido tomada, fizemos meia volta, só que a minha paralisia, um
pouco pelo marear e um pouco pelo pânico de ondas gigantes a nossa volta, me travou e dei
conta que estávamos em um 23 pés e aquele mar grosso era para gente grande. E não sei se
isso foi crucial para o que viria a seguir, mas a nossa vela buja não estava aberta totalmente,
pois alguém precisaria assumir o leme para que ele passasse a vela a bombordo e ela se
enchesse completamente, e eu não busquei forças para tanto, pois seria apenas se afastar
daquele mar grosso que as águas voltariam a se acamar e voltaríamos em segurança, acredito
que este tenha sido o pensamento do capitão também. Mas de repente, o mar gritou o seu
direito, e não se conformou que chegássemos até ali sem levar nada em troca, e nos regalou
com uma onda de uns 15 metros, fazendo nossa popa subir feito numa montanha russa.
Estávamos passando por um estreitamento com águas profundas, mas devido às rochas dos
dois lados, o mar ficou forte naquele ponto, e uma onda que normalmente seria apenas uma
grande marola, quebrou sob nossa embarcação, e nos conduziu em um surfe fatal, nosso bico
da proa até tentou resistir, mas bem lentamente foi penetrando na onda sob nós até que o
estanque que recebemos, por uma superfície não preparada para deslizar, nos fez capotar e eu
que estava sem colete e sentado no cockpit só senti o tranco e a água nos engolindo, senti
também um abraço dos cabos de aço do meu estaiamento, fiquei preso entre eles e terminei o
giro sentado na parte de cima do barco próximo a gaiuta, meu capitão fora lançado ao mar e
rapidamente nadou e se agarrou ao barco, eu pedi sua ajuda para me desvencilhar dos cabos,
me senti fraco, não sei se pelo pânico ou pela maresia, está já não me incomodava mais, a
adrenalina já havia lhe dado um bom remédio.

Me senti como uma criança indefesa, ainda mais quando meu capitão se mostrou desesperado
em recuperar o mastro da água, pois ele não permitiria uma manobra de fuga, pois estávamos
sendo jogados para um paredão de rochas com ondas fortíssimas, tirei forças da sobrevivência
e conseguimos retirar o mastro da água e o amarramos no barco, mas nosso motor não
funcionaria, pois o suporte do mesmo havia ficado retorcido, ficamos a deriva.

Os momentos de angústia que se sucederam foram intensos, pois não tínhamos comunicação,
pois devido ao capotamento e a entrada de água no barco, nossas baterias estavam
inoperantes, por sorte, meu celular era resistente a água e tentei ligar para minha esposa, vi a
chamada completando mas não ouvia nada, a água havia prejudicado os auto-falantes do
aparelho, então eu pedi socorro sem saber se seria ouvido, também liguei para outros
números, sem saber se teríamos sucesso. Quando um navio mercante se aproximou por nosso
bombordo fiz sinais com as mãos, mas não obtive nenhuma resposta, ele passou a uns 200
metros de nós. Pedi a Deus que nos salvasse e que eu nunca mais pisaria em um veleiro se ele
me atendesse, foi neste momento que ao longe vimos o único que perceberia o risco que
estávamos correndo, um lindo veleiro com suas velas infladas, a umas 2 milhas de nós, prumou em nossa direção, e logo depois avistamos duas lanchas do corpo de bombeiros do Batalhão de Botafogo, que bravamente se aproximou e lançamos cabos para que nos rebocassem e nos tirassem da garganta daquele gigante.

Eu não conseguia chorar, nem mesmo gritar de indignação pelo prejuízo material que sofri, e
por ter quase perdido a vida, e de imaginar que eu poderia estar com minha família dentro do
barco... tantas coisas..., este sentido só se restaurou no momento em que coloquei os pés no
chão firme e pude desabar como um bebezinho ávido pelo colo da mãe.

Eu ouvi a bronca justa dos bombeiros, nos lembrando sobre os avisos da marinha, observei o
relado do comandante que nos mostrou uma embarcação rachada ao meio, que a pouco
tempo havia sido engolida no mesmo local que a gente com 4 tripulantes, que por Deus e pelo
bravo trabalho dos salva guardas marítimos, também saíram ilesos, eu abracei o tenente que
nos resgatou em segurança, tiramos fotos, ficamos amigos, até nos deram um café quentinho... Mas eu só pensava em ir para casa e abraçar o meu filho e a minha esposa durona, que não derrubou uma única lágrima, apenas me chicoteando com suas recomendações não atendidas. Viajei 7 horas molhado, sem nenhuma peça de roupa seca na mala, com um homem obeso dormindo ao lado que mal cabia em sua poltrona, mas aquilo para mim era o maior conforto que eu poderia ter, eu estava vivo e a caminho de casa. Cheguei em casa a 01h30 da manhã e dormi a noite toda como uma criança.

Eu nunca havia navegado em mar aberto, e não consegui ouvir a voz de Deus naquele
momento, mas aqueles cabos me abraçando e não permitindo que eu caísse na água, para mim me pareceram as mãos do criador, pois eu não sou um exímio nadador, e enfraquecido
pela maresia e pelo pânico, acho que de pouco adiantaria nadar em meio a águas ferozes. Me
sinto como um filho que fez travessura,  apanhou e foi dormir quente, a mãe natureza é
mesmo uma mulher, que ao mesmo tempo que nos dá um prazer sem igual nos dá uma surra
para nos lembrar qual é o nosso lugar.

Ainda não sei se vou completar o sonho de ser velejador, tudo que eu gosto já me deixou
frente a frente com a morte, moto, agora o veleiro. Eu só sei que a única diferença entre a vida
chata da cidade de pedras poluídas e uma vida de aventuras é a velocidade que você pode ir
embora, uma vai te levar aos poucos em tons cinzentos e a outra, se não tomar os devidos
cuidados, poderá te levar em tons vibrantes de uma hora para outra. Mas o mais importante
de tudo é como preencheremos o espaço entre vida e morte, se as duas são certas, é o
durante que está ao nosso alcance. É como escolhermos viver a nossa vida.



____________________________
Aos companheiros do Itagua, não façam nada impulsivo e aventureiro, nem mesmo com o melhor dos
comandantes, pois pode ser a hora dele e você estará junto. A menos que tenham uma bateria seca na
reserva, um rádio walk talk dentro de um saco estanque, um celular no mesmo saco, até mesmo um
motor reserva com boa manutenção e guardado a seco, ah, e a gasolina, por mais que possa dar um
cheiro ruim, deixe guardada na cabine, pois a nossa foi para o mar, ainda bem que estava tampada.
"

sábado, 24 de setembro de 2016

MARINIZANDO A COMPANHEIRA.



Já vi muitos candidatos a velejador deixando seus sonhos de velejar o mundo por conta de um entrave mais comum do que se imagina, a esposa, leia-se esposa como namorada, amiga, dona da pensão, pretendente, enfim, aquela mulher que manda no marinheiro.

Vou contar agora como eu fiz pra marinizar o meu cérebro, digo, minha esposa.

Quando comprei meu 1º veleiro, um tahiti 16 pés, a compra foi pensada, ponderada e dividida com a patroa, ela permitiu que eu desviasse a verba das férias, dos passeios, do carro novo para um barco à vela.

Sim, ela permitiu mas não sonhava meu sonho, passei um tempo fazendo carnês em lojas de sapato e pendurando a conta em salões de beleza pra compensar o custo do meu sonho, apesar de achar que ela não precisava de sapatos, roupas e maquiagem pra ser a mulher mais bela deste planeta, me perdoem as minhas leitoras. Não entendo muito a cabeça da minha mulher, pra que melhorar o que Deus fez de mais belo nesse mundo?

Pois bem, sabedor da fascinação dela pelas estrelas, cometas, astros e cartas celestes, que é um tipo de carta náutica do céu, bolei um plano infalível no melhor estilo Cebolinha, esperei uma noite de lua nova e a levei para dormir no barco lá na ilha Prumirim e o universo conspirou a meu favor, nunca tinha visto e ainda não vi um céu tão iluminado e pontilhado de estrelas do que aquele céu de Prumirim, e aquele céu se mostrou um tipo de vício, ela sempre o procura em nossas pernoites no Vivre mas nunca mais o achou, dei sorte.

Não posso dizer que foi nesse dia que ela se apaixonou pelo mar já que ela é mineira e não existe ninguém mais apaixonado pelo mar do que mineiro, deve ser por que mineiro não tem mar no quintal e como dizem, a grama do vizinho é sempre mais verdinha, só sei que desse dia em diante ela busca algo que talvez o Vivre nunca mais vá lhe proporcionar, aquela pintura celeste.

Ponderando sobre esse momento cheguei a conclusão de que não fui eu quem marinizou a minha esposa, foram as estrelas.

A foto do início do post não foi eu que tirei, minha máquina não tem capacidade de capturar imagens noturnas tão belas quanto essa.

Pra minha alegria fiz um vídeo desse dia que marineizei minha cara metade, por coincidência era dias dos pais.





segunda-feira, 19 de setembro de 2016

SUBINDO!

Agora que o Vivre já esta em terra, sou obrigado a fazer um mea culpa, fui relaxado, relapso e desatento, não percebi que o barco dava sinais de que necessitava de manutenção, uma pequena folga no leme com o tempo se transformou em um vazamento que por pouco não afunda o Vivre, aqui eu tenho que agradecer ao Léo, ele percebeu que o barco estava muito pesado, com a linha d'água submersa já, entrou no Vivre e constatou que devido ao volume inesgotável de água a bomba havia queimado, ele esgotou o barco sozinho a baldadas, saiu, foi até a casa dele pegou uma bateria pois a minha já tinha ido pro saco já que ficou submersa, trouxe também uma bomba de porão parrudona e um automático, instalou tudo, fez a ligação na placa solar e só depois me ligou e enviou essas fotos:




Desde então começou uma luta para arrumar lugar e carreta para subir o Vivre, optei por colocar o barco no galpão do Sr. Davi lá na Ribeira mesmo, esse processo levou aproximadamente 1 mês, 1 mês sem dormir direito, todo dia eu acordava e ligava para o Léo pra ver se o Vivre ainda estava boiando, um sufoco.

O mastro foi retirado e o barco ficou pronto para ir ao estaleiro.

















Já no galpão do Sr. Davi, fiquei satisfeitíssimo ao ver que a tinta venenosa ainda existia e aguentaria mais 1 ano fácil fácil, o casco não tem osmose, a quilha esta firme como uma rocha.

Vou começar pelo crítico que agora é o leme e essa entrada de água que me tirou o sono, depois registros, hidráulica, elétrica, acabamento do interior, estofados, vigias, adriças e escotas, aparelho de fundeio, costado, fundo subir o mastro e água, ahhh vou ter que comprar uma poita também já que a do Vivre eu vendi, dessa vez estou pensando em apoitar lá no Itaguá, tem uma comunidade velejadora lá que só cresce, então resolvi ficar mais perto dos parça :).




sábado, 10 de setembro de 2016

DE 2008 A 2016. (Parte 3)

Se você ainda não leu a parte 1 clique AQUI.
Se você ainda não leu a parte 2 clique AQUI.

2012 a 2016
Pela internet acabei entrando em contato com o Fernando, dono  o Vivre, um Thaiti 16 pés, marcamos para dar uma volta no veleiro.
Pela primeira vez eu estava colocando os pés em um veleiro, achei maravilhoso, fechamos negócio e agora eu tinha um veleiro, mas não tinha arrais por isso antes de colocar o barco na água eu tive que tirar minha habilitação, enquanto isso o veleiro ficava lá guardadinho em Ubatuba.
Assim que tirei minha arrais fui velejar e protagonizei um dos dias mais divertidos da minha vida, foi quando pela primeira vez eu encalhei o Vivre, isso mesmo logo de cara já encalhei o barco mas essa história você pode ler aqui.

O blog nasceu antes que eu tivesse minha arrais, no começo eram 40 visitas mês, provavelmente minhas mesmo, conforme os posts iam aparecendo mais visitas mensais iam acontecendo até que um dia um comentário:

"Parabéns Amigo Velejador. A Boreste fez toda documentação do Gaipava e o Juca é meu Amigo e Mestre. Já velejamos juntos. Você está bem acessorado!! Visite: veleirogaipava.blogspot.com"

O Primeiro comentário do blog foi do Ricard Stark, como fiquei orgulhoso, eu acompanhava a vida do Gaipava já fazia um tempo e de repente lá estava eu telefonando para o Ricardo, a partir daí fui conhecendo outros velejadores entre eles o Juca Andrade, fui muito bem recebido no meio náutico, e comecei a perceber que havia algo diferente naquelas pessoas, sempre disponíveis e dispostos, havia um código de conduta que ninguém mencionava mas havia.

Minha primeira travessia longa foi no dia dos pais e foi de grandes 7,5 milhas náuticas,  saí do Itagua e fui até a ilha Prumirim (você pode ver aqui), minha vida já tinha mudado, a saúde melhorado e o tempo corria de forma diferente, ainda em 2012 os 16 pés do Vivre já não comportavam minha família e troquei de barco por um Cruiser 23 que é nosso até hoje.

A família se tornou uma família diferente, meio que fora da casinha, certa vez a professora do Gabriel que estava no prézinho (hoje infantil I) me chamou de lado em uma reunião e perguntou se nós tínhamos um barco a vela, eu respondi que sim, ela desconfiou pois os meninos da sala desenhavam casas, carros, motos e o Gabriel desenha veleiros, botes, poitas, remos, bóias e o tradicional desenho da família, aquele que tem o papai a mamãe e os filhos com uma casa ao fundo e um sol redondinho,  o do Gabriel era sempre em cima de um veleiro.

De 2012 pra cá passei por muita coisa no mar, aprendi muito, fiz muitos amigos, minha vida tomou outro rumo, já não tenho mais aquela empresa lá do começo desta história, ainda trabalho com informática mas de uma forma mais autônoma, minhas atividades são todas em torno da vela e bem perto do mar, mesmo quando estou trabalhando com programação o que me motiva é o mar, a minha família aprendeu um estilo de vida diferente, mais saudável e menos tensa.

Depois de relembrar toda essa parte da minha vida, mexer nas fotos, reler posts, falar com amigos, eu posso responder a pergunta que deu origem a essa história:

Vale a pena ter um veleiro?
Sim  vale, estar perto do mar é vital pra mim e pra minha família.























terça-feira, 30 de agosto de 2016

DE 2008 A 2016. (Parte 2)

Se você ainda não leu a parte 1 clique AQUI.

2010 e 2011

2010 foi uma ano de muito trabalho e apesar de trabalhar com afinco eu não conseguia parar de pensar em comprar um veleiro, meu tempo livre era preenchido com vídeos  sobre veleiros no youtube e blogs sobre veleiros, lia tudo, assistia tudo as páginas que eu mais visitava eram:

O Blog do Gaipava
O Blog do Cusco Baldoso
O Blog do Aquarela
O Blog do Maracatu

Ainda hoje guardo todos esses blogs com muito carinho e as vezes ainda dou uma olhadinha em alguns posts da época.
Como era fantástico ler aqueles textos, eu me imaginava naquelas situações, comecei a aprender algumas palavras da linguagem marinheira, mas quando eu falava para as outras pessoas que eu gostaria de ter um veleiro a resposta era imediata "VOCÊ É LOUCO" ou "ISSO NÃO PRA NÓS, É COISA DE MILIONÁRIO).

Um belo dia navegando pelo youtube descobri um vídeo que se tornou meu vídeo de cabeceira


Assistia esse vídeo no mínimo 2 vezes ao dia, sempre quando chegava no escritório e outra vez antes de ir embora, foi assim por meses.

A convivência com os sócios, na verdade um deles, já não era mais tão tranquila e o clima na empresa começou a ficar tenso, pesado, insuportável, e no final do ano não deu outra comprei a parte dos sócios na empresa e a assumi completamente.

No dia 07 de Dezembro de 2010 nasceu o Gabriel.
 Assim terminou 2010.

Janeiro de 2011, como era difícil administrar uma empresa sozinho, o trabalho novamente era a única coisa que eu fazia, novamente estava trabalhando das 07:00 as 22:00 de segunda a segunda até que um belo dia o inevitável aconteceu, tive uma crise nervosa gravíssima, não entendia o motivo, estava tudo certo, tinha comprado uma chácara a empresa já tinha dois carros e oito funcionários, mas isso não foi suficiente para evitar a crise nervosa, lembro como se fosse ontem:

O telefone não parou de tocar o dia inteiro, a cada trim trim meu coração acelerava, fui me irritando, minha pressão subiu um pouco e o telefone lá trim trim trim, aquele barulho parecia ensurdecedor, entrava na minha cabeça através do meu ouvido como uma agulha de trico, fui conferir a lista dos pagamentos dos clientes pelo software do banco e não abria nada, caiu a internet e o telefone la trimmmm trimmmmm trimmmmmmm no final da tarde antes dos funcionários irem embora me tranquei na minha sala e chorei, chorei de desespero, de raiva, de arrependimento, chorei de dor de autopiedade, chorei de pânico, chorei por quase uma hora sem motivo nenhum.

Uma semana depois da choradeira lá estava eu sentado de frente ao médico, o diagnóstico foi simples, stress, tinha que desacelerar, tinha que mudar de vida ou poderia morrer "dos nervo".

Entre meus clientes sempre tive amigos, o Herbert, que já frequentou os posts do nosso blog (veja aqui e aqui) é um deles,e um outro amigo muito especial é o Fábio, dono de uma maravilhosa padaria aqui em Caçapava, foi para o Fábio que contei sobre meu episódio de stress ele prontamente me receitou velejar, o estranho que eu nunca tinha falado para ele que já estava sonhando com um veleiro fazia tempo e apesar de sempre ler e assistir tudo sobre veleiros nunca tinha procurado um para comprar, o Fábio me falou que o preço poderia ser menor do que eu imaginava e abriu o site do mercado livre, era só escolher um que coubesse no bolso e começar a viver, não por acaso encontrei um Tahiti 16 pés chamado Vivre que me chamou a atenção, o nome do barco parecia um recado pra mim, foi ai que começou outra fase da minha vida.

A Foto do Vivre no anúncio do mercado livre



Continua...

Parte 3

domingo, 28 de agosto de 2016

DE 2008 A 2016. (Parte 1)

O Vivre vai ter que subir para uma nova reforma, como todos sabem que isso fica caro, quem sabe até um pouco além das minhas possibilidades hoje, então fiz uma retrospectiva para ver se compensa ter um veleiro, a resposta foi um grande SIM, COMPENSA, sem sombra de dúvidas compensa, meus veleiros me salvaram de uma vida enfadonha e sem graça, me resgataram de uma vida de zumbi corporativo, veja como:

2008 e 2009- O CHAMADO:
Um "bocadinho" de grana investida em papéis da Petrobrás e da Vale, tinha até uma quantia legal de dinheiro lá, o pé de meia que juntei durante algum tempo, minha vida profissional estava bem definida, tinha acabado de ser convidado para fazer parte do quadro de sócios de uma grande empresa de automação comercial líder de mercado aqui no Vale do Paraíba, trabalhava de segunda a segunda das 07:00hs até as 22:00hs, todo dia mesmo, nessas alturas eu já era um zumbi corporativo e estava realmente satisfeito com essa vida.

Do meio do ano pra frente os telejornais começaram a falar sobre uma crise da bolsa de valores e eu na minha ignorância achei que minhas ações seriam imunes a tormenta que se anunciava, ahh se eu já fosse velejador naquela época, com certeza teria procurado um local abrigado para a minha grana antes da tempestade chegar, mas não era e vi meu patrimônio evaporar junto com a bolsa, perdi muito dinheiro mesmo, no fim do ano já estava vendendo carro e casa pra cumprir meus compromissos, foi uma época triste, contudo, foi o meu despertar, passei a me perguntar o que eu estava fazendo da minha vida, meus filhos cresciam e o maior tempo que eu passava com eles era um domingo por mês, e nesses domingos geralmente estávamos em competições de judo, competitivo como todo zumbi corporativo eu achava que estava forjando neles um caráter forte e rígido através das competições de judo, não entendia que o judo na idade deles era bom mas as competições para crianças daquela idade eram cansativas e até causavam frustrações, meus filhos achavam que eu esperava que eles só ganhassem e eu não fui pai o suficiente para deixar claro que isso não era verdade, e assim eles abandonaram o esporte e ficaram aliviados com isso. Estávamos sem carro e de mudança para uma nova casa que agora era alugada, e assim entrou 2009.

Eu tinha mudado, sempre fui um cara estressado, nervoso, queria que meus filhos fossem os melhores em tudo que participassem, queria que as pessoas olhassem o comportamento deles e comentassem sobre a educação impecável que eu dava a eles, tinha meus motivos pra isso, minha primeira mudança foi perceber que eu queria que eles fossem eu, então relaxei, não na educação deles, mas na preocupação de querer mostrar que eles eram bons, a segunda mudança foi querer enfrentar meus medos, por isso, apesar da situação, comprei duas passagens para um cruzeiro pela costa brasileira, só eu e a Lena, pois é eu morria de medo de navios fobia mesmo, dividi as passagens em 12 vezes, peguei o resto dos dólares que eu tinha em casa e zarpei em fevereiro de 2009. O cruzeiro passava por Santos, Búzios e Ilha Grande, e foi lá na Ilha Grande que tive a visão que mudaria minha vida, um veleiro de madeira apoitado numa baía calma e tranquila, pensei que se eu tivesse dinheiro gostaria de ter um brinquedo daquele, pensei na vida que o dono daquele barco levava a bordo daquela maravilha, pensei nas horas que ele passava com os filhos dentro do veleiro, depois disso raras foram as noites que eu dormia sem pensar em ter um veleiro.

Minha neguinha em seu momento Titanic

O Veleiro que mudou a minha vida.

Assim que desembarcamos em Santos eu falei pra Lena:
- Vou comprar um veleiro pra nós.
- Ué, Não é você que morre de medo do mar? - Disse ela.
- Não mais, acho que nasci pra viver no mar.

Ainda em 2009, no final do ano fomos pra Porto Seguro, os momentos que eu mais gostava eram os passeios de escuna, agora eu me sentia bem em cima de um barco. Ahh também gostei de interagir com um bicho preguiça, rolou uma identificação com a aquele bicho tranquilão mas com garras que assustavam. Certa vez, no começo da minha carreira, em uma entrevista de emprego me perguntaram que animal eu gostaria de ser, respondi que gostaria de ser um tigre, ágil, feroz, agressivo, grande e imponente, hoje responderia que gostaria de ser uma preguiça.

Eu e o Willyan em uma escuna lá em Porto Seguro


Eu e a preguiça.
Assim terminou 2009.

Ultimamente tenho escrito posts longos que necessitam ser publicados em mais de uma parte para não se tornarem cansativos, esse não foge a regra!

Continua...

As outras partes do post:
Segunda parte
Terceira parte

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

ATITUDE EM PARATY (PARTE FINAL)


As outras partes deste post:
Parte 1
Parte 2



Depois de uma gostosa navegada noturna dormi bem, de manhã enquanto preparávamos o barco para irmos embora eu sentia que o final de semana estava incompleto, faltava uma velejada, de forma sorrateira abri app do windguru e ele falava de um vento entre 10 e 14 nós, mostrei para o Herbert a previsão e ele se animou, para minha satisfação a ideia de sair cedo tinha ido por água abaixo e começamos o preparativos para nos fazer ao mar e velejar.


Minha área de conforto é até os 10 nós, nunca me arrisquei em ventos mais fortes, mas a sede de velejar foi maior do que minha barreira psicológica e saímos com um vento de 5 nós e todo o pano em cima, o Atitude estava vestido com uma bela mestra e uma buja no enrolador, mas ele tem as outras roupas de gala estivadas lá na cabine, deixamos a ilha da bexiga por bombordo e nos posicionamos em uma área bem aberta la na enseada de Paraty velejamos adernados até os 11 nós por uns 10 minutos, foi ai que o windguru errou, o vento começou a subir e bateu os 17 nós isso pra mim é vento pra dar com pau, rizamos a grande e o vento aumentando o Herbert na cana de leme e eu fazendo os trabalhos de vela, quando chegamos aos 14 nós o mastro tremeu, nunca tinha visto aquilo, ai a calma foi pra casa do chapéu, meus comandos passaram de da Arriba para "VIRA PRO OUTRO LADO",  de caça a escota para "PUXA A CORDA", por sorte os cabos do Atitude estão todos bem a mão, é um barco preparado para velejada em solitário, todas as adriças e escotas chegam no cockpit, o Vivre ainda não é assim, e terminar de baixar a grande foi tenso, mas não foi sofrido, depois que a vela estava arriada entrei por baixo da retranca e fui prendendo a vela nela com elásticos, isso num ventão de 16 nós, saí de baixo da retranca com ar de vencedor e certo de que o mastro tinha parado de tremer, que nada, continuava tremendo só com a buja, achei que o mastro viria abaixo, não tive outra alternativa a não ser enrolar a buja, que facilidade, se fosse no Vivre seria muito mais difícil de fazer isso, o Herbert realmente comprou um barco bem arrumado, fácil de velejar, mas arisco como um cavalo bravo, alguém disse que o Spring é um barco dócil e lento, não o Atitude, é rápido, orça praticamente sozinho e como orça.

Com as velas escondidas e o motor ligado procuramos um cantinho na Ilha da Bexiga que estivesse ventando menos, achamos uma sombrinha de 3 metros de profundidade onde o vento não passava dos 4 nós, lançamos o ferro, a conversa foi mais ou menos assim:
- Herbert, viu aquele mastro tremendo?
- Walnei acho que minha perna tremeu mais.
- Cara, tem algo errado com seu estaiamento, talvez regulagem - disse eu.
- É verdade Walnei, agora toma essa cerveja pra relaxar.
- Deixa ela ai no gelo, quando chegar lá na marina eu vou mandar ela pra dentro!

Boiamos mais um tempo e tocamos pra marina do Farol, quando estávamos próximo passei o rádio pra pedir apoio, e o vento cantava nos estais do barco, atracar foi uma aventura a parte, toda realizada pelo Herbert, ajeitava o barco mas o vento não nos deixava entrar na vaga, o apoio que estava em terra com as amarras na mão esperando o barco entrar na vaga pulou no bote e deu um empurrãozinho na nossa proa e o Atitude encaixou na vaga direitinho. Arrumamos tudo e eu peguei aquela cerveja e fui tomar na prainha do Atitude, que aliás é outro ponto forte do barco, um espaço enorme lá traz, que barco fabuloso pensei, pena que esse backstai atrapalha um pouco a saída para a prainha... BACKSTAI....puta merda achei o defeito do barco, estava no marinheiro, o backstai não faz parte do meu dia-a-dia no Vivre e eu me esqueci dele, eu devia caçar o bicho, mas esqueci, que vacilo, da próxima não vai ter erro, pelo menos não esse.

As lições do dia pra mim foram:
1-) O mastro tremendo da medo.
2-) Paraty é melhor do que eu imaginava (desculpa ai Ubatuba).
3-) Spring 25 é um barco fantástico.
4-) O backstai tem uma função importante.

As lições que eu ensinei ao Herbert:
1-) Velejar não é só aquilo que ele tinha visto até hoje.
2-) Veleiro aderna mais do que ele gostaria.
3-) Veleiro não capota.
4-) Todo velejador deve ter pelo menos um par de cuecas marrom a bordo.
5-) E que aduchar os cabos não é dar uma ducha neles!

É isso gente foi fantástico espero que o Herbert me convide para velejar o Atitude novamente, gostaria de pegar outro ventão com ele.


Cabos devidamente aduchados


sábado, 13 de agosto de 2016

ATITUDE EM PARATY (PARTE 2)

Parte 1 deste post

Continuando de onde parei, chegou o dia de conhecer o Atitude, que veleirinho caprichado, o projeto muito bem desenhado priorizando o espaço interno da cabine, um 25 pés com cabine privativa, banheiro fechado, um paiol absurdo de grande e um cockpit digno de um 30 pés, a gente fica preso em barcos como Fast, Atoll, Brasilia e deixa passar alguns projetos que mereciam maior destaque no mundo da vela, acho que o Herbert, como está chegando agora não teve tempo de ser "catequizado" pela doutrina do Cabinho nem de ouvir sobre a supremacia dos Fast e se deu bem, com informações mais limpas e despido da paixão por marcas e modelos comprou um excelente barco.

Chegamos na sexta-feira na boca da noite, não nos restou nada além de entrar no veleiro e tomar umas cervejas, o Atitude fica na marina do Farol em Paraty, lugar bonito com um quadro de funcionários atenciosos e prestativos, a facilidade do embarque e o barco atracado no cais me fez repensar a forma de estivar o Vivre.

Todos sabem que o Vivre fica numa poita lá no Saco da Ribeira e o acesso é sempre difícil, mesmo quando eu era sócio da Aumar e usava o serviço de taxiboat deles, o acesso com bote e com o taxiboat é igualmente trabalhoso e desconfortável, ficar com o  Vivre na poita é barato mas não é prático, se a Lena perceber isso vou ter que matar um escorpião que mora no bolso e usar a grana que ele guarda com tanto afinco. Em Ubatuba não existe uma marina com uma estrutura parecida com a da marina do Farol ou do Engenho lá em Paraty, pelo menos não com um preço que eu possa pagar (que atualmente não é muito), mas estou pensando em como resolver isso.

Voltemos ao nosso assunto principal o Atitude, no sábado o windguru dava informações de vento entre 4 e 7 nós durante o dia, eu estava meio ansioso para abrir as velas do Atitude mas o vento não apareceu, então motoramos pela enseada de Paraty, que lugar lindo, paisagens de tirar o fôlego e um tráfego de embarcações intenso, muitas ilhas com atrativos e estrutura para ancorar os veleiros e desembarcar para tomar um refrigerante ou fazer uma refeição, muito legal, acho até que é melhor do que Ubatuba no quesito belezas naturais, mas no quesito vento é muito ruim, como vão perceber mais adiante por lá é vento zero ou ventão, pelo menos foi assim neste final de semana.






O ponto alto do sábado foi a nossa navegação noturna, como eu gosto de navegar a noite, acho que  o barco fica mais perceptível para quem esta embarcado, deve ser porque a paisagem fica apagada e a gente foca mais nos detalhes do mar e do barco, de noite o papo de popa durante a navegação fica mais calmo, um tom abaixo do normal, o plâncton marcando o rastro do barco é lindo. Não conheço a região por isso na ida fui marcando os pontos no GPS, um etrex simplisinho de tudo, e na volta usamos o GPS para nos orientar com segurança.

Não gosto de GPS, dependo dele, mas não gosto, a carta de papel me passa mais segurança, é como ler um livro de papel e um livro digital, me sinto desconfortável olhando a carta através daquela telinha sempre miúda demais pra uma carta náutica, minhas cartas são todas traçadas com minhas rotas e derrotas, com pontos de perigo circulados com caneta vermelha e cheia de coordenadas e linhas de sonhos aguardando para serem realizados, e serão.

- Atento marina do farol, copia veleiro Atitude?
- Prossiga Atitude.
- Solicito apoio para atracar no cais 1, QSL?
- Bem vindo Atitude, o apoio já está chegando.

Imediatamente o bote de apoio da marina apareceu saindo de traz de um veleiro atracado, parecia que estava esperando por nós, e assim terminou nosso sábado com o Atitude, a ideia era sair domingo bem cedo pra almoçar em casa, era...

Continua.

Outra parte de post:
Parte final

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

ATITUDE EM PARATY (PARTE 1)

Quando eu ainda era proprietário da Camposys gostava de atender pessoalmente um cliente específico sempre que possível, o Herbert, e pouco antes de vender a Camposys, por motivos técnicos fomos obrigados a instruir o cliente a trocar o sistema, com pesar demos todo o apoio para a troca do sistema incluindo a conversão dos dados, o que mais me incomodava não era a troca do sistema ou "perder" o cliente empresa, o que incomodava de verdade era "perder" o cliente pessoa, o Herbert logo passou de cliente para amigo, eu gostava de conversar com ele, e em uma dessas conversas descobrimos que tínhamos um interesse comum por embarcações, eu por veleiros no mar e  ele por lanchas nas represa, na época ele me emprestou uma apostila da prova de arrais (isso foi lá por volta 2009) e a apostila ainda esta comigo, pra encurtar, a troca de sistemas foi feita por volta de 2013/2014 e nosso contato foi diminuindo até que se perdeu.
Em abril passado meu telefone toca, era o Herbert, queria uma opinião sobre um veleiro anunciado, a ideia era um veleiro que ele pudesse levar para a represa, veleiros em represa me causam uma certa depressão, um sentimento parecido com aquele que me acomete quando vejo um passarinho cantando na gaiola, é bonito mas triste, realmente acho que lugar de veleiro é no mar, e apesar de toda a tecnologia nos aparelhos celulares atuais o telefone não comportou nossa conversa e acabamos marcando para um dia de velejada no Vivre (o relato desse dia você pode ler aqui), foi um dia fantástico, uma velejada memorável com condições PERFEITAS de mar, vento, temperatura acho até que o universo conspirou a favor. A velejada foi tão gostosa que acabou já com uma nova data para a próxima velejada.


Tirando o bate-papo a nossa segunda velejada foi um desastre total, sem vento nenhum insistimos em tentar velejar e caçar o vento pela enseada do Flamengo, quando o tédio nos venceu e resolvemos voltar a motor para a poita o meu velho tohatso 3.5 me largou na mão e não funcionou, nos arrastamos com uma miséria de vento até a praia do flamengo onde pegamos uma poita emprestada e em seguida estávamos sendo rebocados por uma escuna até a nossa poita, o Herbert tinha conhecido o outro lado da vela, o dia em que nada da certo.

Mesmo depois deste fiasco, nossos contatos foram ficando cada vez mais frequentes, o Herbert iniciou a busca pelo veleiro perfeito, e já não fazia tanta diferença se ele caberia na represa ou não, avaliei vários veleiros por telefone, claro que não era a palavra final, fato é que acompanhei via celular a busca pelo veleiro do Herbert, passamos por várias situações, encontramos um Brasilia 27 com popa aberta e fabricado em 2010, na verdade um paturi que tem um dono que acha que as embarcações são equivalentes, passamos por Fasts, Arpeges, mais paturis, MJs e muitos outros, até que, como sempre acontece, um deles escolheu o Herbert, um Spring 25 muito bem conservado, um barco espaçoso, com cara de dócil, um motorzão novo, velas bonitas, enfim, o barco se apaixonou pelo Herbert e sua família e resolveu expor suas belezas para seduzi-los, e conseguiu. Assim um novo telefonema marca uma nova velejada, agora no Atitude, o veleiro do Herbert.


continua...

Outras partes deste post
Parte 2
Parte final