Último dia do ano, último dia antes do reinício, antes das novas oportunidades de fazer tudo melhor e mais bonito; Quem dividiu o tempo em anos foi um gênio, quando um ano acaba nada muda, mas muda tudo, tudo se renova, gosto muito do início de um novo ano!
Acordamos cedinho, tínhamos a intensão de passar o réveillon lá na praia do Lázaro embarcados, e decidi sair cedinho por causa do ventinho que tem de manhã lá em Ubatuba.
Vou abrir um pequeno parenteses nessa história para expor minhas percepções e teorias sobre o "microclima" da enseado do flamengo, percebi que de manhã tem sempre um ventinho que varia entre NE e E, não é um vento muito forte mas toca o vivre bem devagar e preguiçosamente, mas o pior é que neste quadrante o vento é contra para sair da Ribeira até o boqueirão, é um vento gostoso para treinar uns bordos e treinar chegar em um destino contra o vento, gosto dele, fecha parenteses, já já falo do vento da tarde!
O plano era sairmos cedinho tipo 8:30Hs da manhã e passarmos o dia lá no Lázaro, mas isso só ficou nos planos, assim que acordei recebi telefonema do Léo me pedindo o bote dele emprestado, respondi dizendo que ele fizesse de conta que o bote era dele, e era, e que levasse meu motor junto, ele promete me devolver o bote dele até as 16:00Hs. Tenho dois botes e não tenho nenhum, um deles é um intex Excursion 3 inflável inclusive o fundo, é muito mole e não tem a estabilidade que eu procuro, o outro é um bote de 2 metros da Náutica que "ganhei emprestado" do Juca, esse é o canal, mas infelizmente tem um furo na câmara de ar que eu ainda vou arrumar, por esse motivo tive que emprestar o bote do Léo, como ele pediu o bote vesti minha cara de pau e liguei para o Vandeco pedindo o bote dele e fui prontamente atendido, valeu Vandeco! Até gostei por que vi outra oportunidade de atracar no pier, entreguei o bote do Léo e lá fui eu novamente, a faina foi tranquila e novamente senti a gostosa sensação de atracar o barco, mas dessa vez com toda a família junto, peguei o bote do Vandeco e passamos o dia na praia da Ribeira mesmo, exatamente as 16:00 horas o Léo estava me devolvendo o bote dele. O novo plano era sair as 16:00 e tocar para o Lázaro.
Novamente abro um parenteses para falar sobre os ventos lá na Ribeira, quase toda tarde vem uma chuvinha com um vento mais poderoso e volumoso que geralmente vem da terra para o mar e faz das tardes e início de noites no barco uma delícia pois refresca bem.
Minha convicção nas minhas observações era tanta que preparei o barco e minha capa de chuva para sairmos e assim foi, logo que soltei o barco da poita tive que colocar minha capa de chuva
Saí só de mestra rizada e motor, assim que passamos pela praia do flamengo a chuva apertou muito e o vento virou um senhor vento,
mais ou menos com a mesmo intensidade do vento que quase fez com que eu largasse mão de velejar, mas desta vez eu estava preparado, coloquei todos para dentro da cabine um pouco antes do ventão entrar, ordenei que fechassem todas as gaiutas e preparassem os coletes, e orcei, orcei até o limite do panejar, ta bom o barco adernou e derrubou algumas coisas mas ninguém se apavorou, o Willyan estava doidinho para sair e me ajudar mas eu mantive minha decisão, "TODO MUNDO DENTRO DA CABINE!". O que da medo é que além de adernar mais do que a família esta acostumada é que o vento uiva e a chuva aumentava ainda mais o clima de tensão, a Lena e o Gabriel tiveram medo, mas nada de pavor, eu fiquei apreensivo, mas controlei a situação com naturalidade e lembrava dos conselhos do Paulo do Bepaluhê que me falou que aproar para o vento não é legal neste caso e que o melhor seria orçar, lembrei também do Juca que me disse uma vez que veleiro foi feito para andar no vento e que numa situação desta deveria colocar o motor no neutro, o legal é que fiz tudo isso naturalmente, mesmo assim errei em alguns pontos, oque mais me incomoda foi esquecer de colocar o colete enquanto esta sozinho no cockpit, da próxima é um erro a menos. Mesmo com o ventão e o barco adernado segui firme no propósito de chegar até a praia do Lázaro durante uns 15 minutos, mas quando olhei para o horizonte e vi tudo cinza, não dava pra ver nada só a chuva, não via nem a costa então anunciei: "Gente vamos de carro até o Lázaro", dei meia volta e segui para a poita, mas fiz isso com convicção de que tinha feito tudo certo e que não seria bom ir além e transformar aquela vitória pessoal em um fracasso perigoso. Durante nossa volta, como era de se esperar, a chuva parou e o vento se transformou naquela brisa refrescante de final de tarde, o horizonte ficou limpo e convidativo, perguntei para a Lena se ela topava rumar para o Lázaro e ela topou, porém previ que a noite nos pegaria no caminho e eu não queria isso, então tocamos para a poita e fomos de carro para o Lázaro.
Durante a noite ficava falando para os meninos que se eu tivesse enfrentado o cinza lá no horizonte teria chegado, é assim mesmo, as vezes um pouco mais de coragem ajuda, mas eu não posso arriscar e como diz meu pai: "NA DÚVIDA NÃO FAÇA", o vivre carrega tudo que há de mais precioso na minha vida, minha família, portanto, voltarei outras vezes sem a menor cerimônia.
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A noite foi ótima, chegamos no Lázaro cedo, por volta da 22:00 hs e forrei uma genoa antiga que estava no porta malas do carro, a Lena falou que se eu postasse a foto da genoa servindo de esteira de praia era capaz dos meus amigos da internet me baterem, eu concordei com ela, mas a genoa continuou lá como uma grande toalha de mesa em um piquenique na praia, ai vão algumas fotos:
É isso ai gente, o último dia de 2013 foi cheio de emoções e teve minha última vitória do ano, que venha 2014 então!